Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

OMC: O fim do modelo multilateral e o regresso aos acordos bilaterais?

Alexandre Guerra, 29.07.08



Há já demasiado tempo que se arrasta um combate negocial entre os países mais ricos do mundo e as chamadas economias emergentes, pelo menos aquelas mais relevantes no sistema internacional. Mais uma vez, falharam as negociações para se alcançar um acordo no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC) no que concerne à revisão dos estatutos daquela entidade que rege as trocas comerciais mundiais.

O assunto de bloqueio voltou a ser o mesmo, tendo o líder da OMC, Pascal Lamy, confirmado que em Geneve a Ronda de Doha, iniciada em 2001, não registou qualquer avanço na questão da liberalização dos produtos agrícolas. Os Estados mais ricos não baixam as suas barreiras à entrada de produtos dos países mais pobres, enquanto estes continuam a resistir à liberalização dos mercados de bens manufacturados e de serviços.

Lamy apontou o dedo directamente à Índia, à China e aos Estados Unidos, como sendo os responsáveis por mais este impasse. Mas, na verdade o problema tem-se arrastado há anos e opõe basicamente os blocos mais poderosos, com os Estados Unidos e a União Europeia à cabeça, aos países em desenvolvimento na forma de como uns acedem aos mercados dos outros. 

Os países, de uma forma ou de outra, não abdicam das suas medidas proteccionistas e não estão dispostos a fazer concessões. Por exemplo, Estados como a França ou o Japão parecem estar irredutíveis na questão de redução dos subsídios aos seus agricultores.

O curioso é que a agricultura, que apenas representa 8 por cento do comércio mundial, continua a ser um dos temas mais "quentes" da Ronda de Doha. No entanto, na área dos serviços também os Estados Unidos, a União Europeia, a China e a Índia têm-se digladiado ferozmente. 

O mais interessante de tudo isto é que o modelo de acordos multilaterais corre sérios riscos de sucumbir perante a resistência dos países em alcançarem um acordo e a maior facilidade de se formarem parcerias bilaterais. 

Assim, aprofundar as regiões de livre comércio (como é o espaço da UE) e celebrar acordos bilaterias entre países e essas mesmas regiões parece ser um dos caminhos a seguir face a tantas dificuldades no seio da OMC. 

Actualmente existem cerca de 200 acordos bilaterais em termos de comércio internacional, esperando-se que esse número chegue aos 400 no final da década. É talvez por isto que Duncan Barltlett, jornalista da BBC News, escreve numa análise que muitos países não parecem preocupados com o colapso da Ronda de Doha. Alexandre Guerra
 

Em política externa há sempre uma "equipa" por detrás dos presidentes dos EUA

Alexandre Guerra, 27.07.08


Muitos têm criticado o candidatado democrata Barack Obama por ser inexperiente em assuntos de política externa, não estando por isso em condições de assumir a presidência dos Estados Unidos.

Efectivamente, Obama demonstrou, por várias vezes, algum desconhecimento das relações internacionais, tendo ainda recentemente proferido uma frase "infeliz" sobre Jerusalém enquanto capital de Israel.



Estes factos são inegáveis, no entanto, e à semelhança de qualquer outro Presidente dos Estados Unidos, a política externa americana é quase sempre feita por uma "equipa", que vai desde o Presidente aos Secretários de Estado e de Defesa, passando pelo Conselheiro de Segurança Nacional e pelos consultores políticos. 



Deste modo, é sempre imprudente e precipitado analisar-se as qualidades técnicas de um candidato relativamente aos assuntos de política externa através de uns "sound bites" sem antes se conhecer a sua equipa e aqueles que o podem influenciar na sua decisão. 



Ao ouvir-se Greg Craig, consultor de política externa de Obama, numa entrevista dada à BBC, percebe-se que os "lapsos" do candidato democrata só a ele podem ser imputados, já que as palavras do seu colaborador pautam-se pela prudência e pelo conhecimento. Alexandre Guerra
 

Ainda a propósito do 60º Aniversário do Estado de Israel

Alexandre Guerra, 26.07.08


Ainda a propósito do 60º Aniversário da criação do Estado de Israel, celebrado no passado mês de Maio, chegou até ao Diplomata, via Embaixada israelita em Lisboa, o texto abaixo reproduzido, da autoria de Ben Dror Yemini, publicado originalmente no jornal Maariv. É uma interessante abordagem a um dos mais complexos países do mundo. 




The Israeli Pride Parade


By Ben Dror Yemini


Israel is one of the leading countries in agriculture, high-tech, medicine and science.
Maybe the world needs to be reminded of this.


Anyone who reads newspapers could be forgiven for thinking that Israel is a dangerous place ruled by violence and corruption. The celebration of Israel 's 60th anniversary provides an opportunity to take stock of our achievements. The facts speak for themselves.


The Contribution to Humanity Index


There are quite a few measures by which countries are rated: national product, life expectancy, education, etc. There is no index measuring a specific country’s contribution to humanity. That kind of index is long overdue. Whoever gets confused by facts is in for some surprises. Here is a partial list:


Agriculture: Israel leads the world in developing strains resistant to natural hazards and special crops to withstand harsh weather conditions. Israel invented the drip irrigation system, which saves tremendous amounts of water. Milk yield in Israel is the highest in the world, even double the European average. In Israel, a palm tree produces an average of 182 kg of fruit, compared to 17 kg in the rest of the Middle East .


Since the establishment of the state, the area of agricultural land has increased threefold, but output has increased by a factor of 16. Ashkelon boasts the world’s largest desalination facility – unless Hamas’s rockets manage to hit it, so that they can complain about a water crisis in the Gaza Strip.


High-tech: A significant part of the leading high-tech developments in the world are Israeli inventions. The first disk-on-key was an Israeli innovation. The ICQ instant messaging program, which has become an integral part of every computer the world over, was developed in Israel . The best security software in the world comes from Israel .


Most of the Windows XP operating system that is used in almost every computer worldwide was developed in Israel . VOIP technology (Voice over Internet Protocol, the basis for programs like Skype), making international telephone calls simple, inexpensive and readily available, was developed in Israel . It is no coincidence that every other day we hear about yet another Israeli company being acquired by a conglomerate.


Israel is in second place in the world, after Japan and ahead of the United States , in the number of patents per capita. If you check the effectiveness of the inventions, we actually take the lead. Out of the one hundred most important start-ups selected in Europe last year, ten were Israeli.


Science: Israel is in third place in the world in scientific publications per capita. And, when considering the importance of the publications as opposed to relative quantity, Israel is in 14th place in the world. This includes realms that benefit all of humanity – research in medicine, physics, mathematics and others.


Israel reached fifth place in the number of recipients of special grants for young researchers from the ERC (European Research Council). But, relative to its size, it actually takes first place in the number of winning researchers.


Medicine: Teva is the largest company in the world for generic medicines. There are probably few homes worldwide without some “Made in Israel ” medication. Teva and other companies also develop new drugs. Teva developed a drug to treat Parkinson’s disease. Israel participated in developing a treatment to reduce relapses of multiple sclerosis.


Just two years ago, Pfizer, the world’s largest pharmaceutical company, purchased an Israel company’s product that can prevent blindness. Israel leads in the field integrating nanorobotics and medicine.


And this is only a partial list.


Human potential


Not everything is wonderful in Israel . Many people have been left behind. The gaps in Israeli society are among the largest in democratic countries. Too few have control over too much of the capital. Therefore, developing and expanding human potential has to be the national mission of the next decade. The per capita product in resource-scarce Israel is 40% greater than in rich Saudi Arabia . The reason is simple: human resources produce much more than oil resources. And, despite its accomplishments, Israel is still far from fully utilizing its potential.


The Lie Industry


Here we arrive at the biggest paradox of all: even though Israel could be number one in the world in contributing to humanity, were there such an index, it also occupies first place in the hostility index. Israel is perceived, according to many polls (the last of which was a worldwide BBC survey) as the country most dangerous to world peace.


Leading newspapers throughout the world – The New York Times; The Washington Post; Le Monde; and The Guardian – when mentioning Israel's 60th anniversary, chose to completely disregard Israel’s contribution to human development and to emphasize instead “ethnic cleansing and the Palestinian Nakba.” Here as well, they do not let the facts confuse them (see And the World is Lying – the Plight of the Refugees).


The paradox between Israel ’s contribution to the world and its image indicates only one thing: the lie industry is winning out over the facts. In fact, the Israel-Arab conflict has wrought the lowest number of victims in the annals of all conflicts. That does not keep the lie industry from spreading the libel that Israel is committing genocide against the Palestinians – even though there is no genocide and never was (see And the World is Silent).


Criticizing Israel is permissible. Not all its actions are praiseworthy. Yet every intellectual and liberal who is still influenced by facts and not by fashion has to admit that the anti-Zionist vogue will go down in history as one of humankind’s lowest trends, matched only by phenomena such as racism and antisemitism. So, it is time to introduce the real Israel – an Israel that can proudly observe its 60th year, due mainly to its enormous contribution to humanity.


Israel does not need a military parade. It needs a parade of its achievements. We could call it a Pride Parade.


Leituras

Alexandre Guerra, 23.07.08


Preparar a América para guerras assimétricas e não para os conflitos convencionais. Esta é uma ideia que tem ganho adeptos nos útlimos anos entre as chefias militares norte-americanas. Em A battle over "the next war", no Los Angeles Times, percebe-se as suas "movimentações" para influenciar o Secretário de Defesa, Robert Gates.


Leituras

Alexandre Guerra, 22.07.08


O artigo J Street sobre a criação de um novo lobby judaico em Washington, e assinado pela Margarida Santos Lopes no caderno P2 da edição de hoje do Público, é de leitura obrigatória.


A captura do "Osama bin Laden da Europa"

Alexandre Guerra, 22.07.08


                                                                                                     Fruendt Fotoreport/EPA

Ao fim de mais de uma década, Radovan Karadzic, um dos mais importantes líderes sérvios durante a guerra dos Balcãs nos anos 90, foi detido pelos serviços de segurança da Sérvia. Os contornos da operação ainda não são conhecidos, havendo mesmo algumas notícias que dão conta da sua detenção na passada Sexta-feira.

Com várias acusações do Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (ICTY) de crimes de guerra, crimes contra a Humanidade e de genocídio no massacre de Srebrenica, em 1995, vários governantes políticos já se congratularam com a captura daquele líder militar.

Richard Hoolbroke, diplomata americano e o grande arquitecto pelos acordos de Dayton em 1995 e que puserem termo ao conflito dos Balcãs, mostrou-se satisfeito por "um dos piores homens do mundo, o Osama bin Laden da Europa, ter sido finalmente capturado". 

Em Haia, o ICTY considerou ter sido dado um passo importante na prossecução da justiça para todas as vítimas que há muito aguardavam por este momento.

Em Sarajevo, capital da Bósnia, registaram-se, naturalmente, manifestações de alegria.

E de Paris, Bernard Kouchner, ministro dos Negócios Estrangeiros da França, país que actualmente ocupa a presidência rotativa do Conselho Europeu, disse que a detenção de Karadzic levanta um dos mais difíceis obstáculos à adesão da Sérvia à União Europeia. Também o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, sublinhou que esta detenção demonstra o compromisso de Belgrado no seu processo de adesão à União Europeia.

No entanto, aconselha-se alguma prudência neste entusiasmo manifestado por Kouchner e por Barroso, já que a reacção por parte das forças nacionalistas sérvias podem gerar alguma pressão sobre o próprio Governo e o Presidente Boris Tadic.

Além disso, Karadzic tem ainda forte ligações com algumas forças armadas e população, um facto que lhe permitiu andar a monte ao longo de 12 anos.
 
Seja como for, é muito provável que os líderes europeus, em jeito de recompensa, decidam acelerar a formalização do Acordo de Estabilização e Associação (SAA), o primeiro passo no longo processo de adesão à UE. Relembre-se que as negociações para o SAA estavam congeladas desde 2006. Alexandre Guerra    

"A man for all seasons"

Alexandre Guerra, 18.07.08


Ilustração de Shahn Irwin

Nelson Mandela celebra hoje 90 anos. O jornal sul africano Mail&Guardian referia-se ao histórico líder como "a man for all seasons".

O Diplomata dá-lhe os parabéns. AG

Pág. 1/3