Ao aterrar no pólo Norte do planeta Marte, a sonda Phoenix deu mais um passo na descoberta de "novos mundos". Mundos sem pessoas, sem sociedades, sem sistemas económicos, sem paradigmas sociais ou ideologias políticas, mas mesmo assim admiráveis.
Mundos onde tudo está por descobrir. E da mesma maneira que os portugueses, há sensivelmente cinco séculos, se aventuraram pelo desconhecido, hoje a NASA, com uma concorrência tímida da ESA, assume esse protagonismo. É provável que daqui a poucos anos a China venha a ter uma palavra importante a dizer neste domínio. AG
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Colômbia, o almirante René Moreno, confirmou hoje a morte de Manuel Marulanda Vélez, chefe das FARC, a 26 de Março, sem adiantar pormenores quanto às circunstâncias em que tal aconteceu, suspeitando-se, no entanto, que tenha sido vítima dos bombardeamentos levados a cabo pela força aérea colombiana."Tirofijo", como era conhecido o "mais anitgo guerrilheiro do mundo", morreu aos 78 anos, depois de ter estado mais de quatro décadas à frente das FARC.
Apesar deste movimento ainda não ter confirmado esta informação, sabe-se que já existe um possível sucessor para a chefia das FARC: Alfonso Cano. Vai ter uma tarefa difícil ao substituir o estatuto e o carismo de "Tirofijo", que de pastor, de talhante e ou de lenhador passou a guerrilheiro, enquanto fundador e líder das FARC.
Terá nascido em Génova, uma povoação na região de Quindío, a 12 de Maio de 1930, e ao longo dos anos foi desenvolvendo uma capacidade exímia de caçar aves nas montanhas, daí a sua alcunha de "Tirofijo". Alguns biógrafos, citados pelo El País, diziam que "onde ele punha o olho, punha uma bala".
Manuel Marulanda foi desde muito novo influenciado pela violência, que o obrigou a deixar a sua terra natal, a 200 quilómetros de Bogotá. A partir deste momento, ficou claro para o guerrilheiro que só através das armas seria possível sobreviver perante a repressão de um Governo conservador. O curioso é que o primeiro grupo que Manuel Marulanda reuniu tinha um carácter liberal, só mais tarde acabou por assumir a ideologia comunista.
De acordo com Arturo Alape, o seu biógrafo oficial, Marulanda era "um homem sereno e reservado, que se dirigia aos seus homens sempre num tom paternalista". Só no final dos anos 90, sobretudo a partir do Governo de Andrés Pastrana (1998-2002), começou a surgir mais vezes à frente das câmaras dos repórteres. Pastrana e Marulanda chegaram mesmo a reunir-se várias vezes, mas nunca conseguiram chegar a qualquer acordo. Nos últimos tempos, as FARC e o Governo de Alvaro Uribe têm vivido momentos de elevado tensão, com interferências externas que têm contribuído para uma deterioração da conjuntura. Alexandre Guerra
Em editorial, João Marcelino, director do Diário de Notícias, um dos chamados jornais de referência, veio falar na necessidade de se discutir a questão do nuclear como fonte de energia em Portugal. O problema é que tal apelo é consequência directa do aumento do preço dos combustíveis, no entanto, o debate deverá ser muito mais amplo, como aliás tem acontecido noutros países.
O Diplomata há muito que aborda esta temática, algo que jornais como o Diário de Notícias ou como o Público já deviam ter feito de forma séria e pedagógica, até porque a própria Comissão Europeia já deu liberdade de opção aos Estados-membros que queiram optar por este tipo de recurso energético. AG
Numa altura em que o preço do barril de crude atinge novos máximos no mercado de Nova Iorque, é importante desconstruir uma ideia que se instalou nos últimos tempos e que tem sido veiculada para ajudar a explicar o actual cenário. Ao contrário do que tem sido referido, o factor geopolítico não pesa tanto como se quer fazer crer no actual crescimento galopante dos preços do petróleo.
Não obstante existirem variáveis políticas e geoestratégicas a influenciar a conjuntura que se vive, a sua influência tem sido muito sobrevalorizada. Ao contrário de outros momentos na história das últimas décadas, os altos preços do petróleo que se verificam hoje dificilmente são justificados com causas políticas e geoestratégicas. Nem mesmo o crescimento voraz de economias emergentes como a China ou como a Índia é suficiente para uma explicação convincente sobre a evolução abrupta do valor do "ouro negro" nos últimos cinco anos, particularmente acentuada nos últimos dois.
No entanto, esta tem sido uma teoria muito em voga para explicar o aumento do preço do petróleo (o mesmo já não se pode dizer em relação à procura de aço por parte da China, mas isso é outra história). Efectivamente, o "apetite" chinês ou indiano por petróleo não provocou um desequilíbrio assim tão grande na dinâmica da oferta e da procura. O mesmo se pode dizer de cortes pontuais que se têm verificado em diferentes zonas produtoras do mundo. Destas, talvez o Iraque seja o caso mais sensível, com uma redução na sua produção diária depois da invasão norte-americana, mas pouco relevante se se tiver em conta os índices anteriores a Março de 2003.
Pelo contrário, os factores geopolíticos foram decisivos em crises petrolíferas nos anos 70, 80 e 90. Quando em 1973 rebenta a guerra isralo-árabe, a OPEP, numa iniciativa inédita e nunca mais repetida, utiliza o petróleo como arma política e decide de forma concertada boicotar a venda daquele recurso, fazendo o preço aumentar em 400 por cento num espaço de seis meses.
Estava-se perante o "primeiro choque petrolífero", claramente associado a um factor geopolítico. Anos mais tarde, acontecimentos políticos no Irão, com a revolução islâmica e a consequente queda do Xá, seguidos de uma guerra Irão-Iraque provocaram o "segundo choque petrolífero". Em Novembro de 1980, a produção combinada dos dois países era apenas de um milhão de barris por dia, menos 6,5 milhões do que no ano anterior. Isto significou uma redução de 10 por cento na produção do crude mundial e, logicamente, um reflexo no preço do petróleo, que duplicou entre 1978 e 1981.
Já no início dos anos 90, a invasão do Kuwait por parte do Iraque e a consequente resposta da coligação aliada provocou um "pico" no preço do petróleo, sobretudo devido à destruição de alguns poços, mas que rapidamente foi corrigido, atingindo-se em 1994 um valor mínimo histórico em duas décadas.
A partir deste momento, acontecimentos como o 11 de Setembro (2001), a guerra no Iraque (2003) ou o conflito do Líbano (2006) foram apresentados como outros factores geopolíticos que afectaram o preço do petróleo. Mas, na realidade isto só faz sentido se enquadrar-se aquelas variáveis numa perspectiva especulativa e não numa lógica de causa-efeito. Alexandre Guerra
O texto The New Cold War de Thomas Friedman passou despercebido ao Diplomata,visto ter sido publicado no New York Times no passado dia 14. A sua leitura é recomendada pelo facto de Friedman defender de uma forma muito frágil a ideia de "guerra fria" no Médio Oriente. De tal forma, que vários leitores exploraram este assunto através de "cartas ao editor".
O Iraque está cada vez mais esquecido pelos media internacionais, um facto corroborado pela redução brutal do número de repórteres no terreno. Apesar disso, a situação naquele país continua violenta e delicada. O jornalista David Smith, do Guardian, relata em Back to Bagdad a sua experiência na capital iraquiana enquanto esteve "embedded" pela segunda vez com as forças americanas.
Decorreu hoje nas ruas de Alfama a 9ª edição do Lisboa Downtown, com Steve Peat a conquistar a sétima vitória nesta prova. Para os amantes da modalidade, como é o caso do autor destas linhas, esta prova é só por si motivo de atracção.
No entanto, ninguém pode negar a sua espectacularidade e o "proveito" que a mesma tira das ruelas e das vielas de um dos bairros mais típicos de Lisboa e que não tem paralelo em mais nenhuma cidade do mundo. Talvez por isso, esta tornou-se na mais prestigiada prova de Downhill urbano do mundo.
O Lisboa Downtown foi das ideias mais interessantes e felizes que surgiram em Lisboa nos últimos anos, com o objectivo de criar uma dinâmica que eleve o estatuto da capital portuguesa no panorama internacional. Talvez, por isso, o próprio antigo presidente de Câmara, Carmona Rodrigues, se tenha associado corajosamente àquele evento há dois anos... Com umas quedas pelo meio, é certo.
A grande virtude deste tipo de eventos é não se cingir a um único momento, sendo antes um ritual que todos os anos traz a lisboa os melhores atletas da modalidade e que mobiliza cada vez mais pessoas. Lisboa tornou-se assim uma referência para quem faz e gosta desta modalidade. Mas, talvez ainda mais importante, as pessoas sabem que uma vez por ano podem ir até a Alfama para ver algo diferente e repleto de adrenalina. Ora, esta fórmula pode aplicar-em inúmeras áreas de interesse.
Muito se tem discutido sobre a forma de como colocar Lisboa na elite das cidades mundiais, mas líderes políticos e decisores têm-se ficado quase sempre por ideas conservadoras, que pouco ou nada contribuem para dinamizar a capital portuguesa.
São eventos como o Lisboa Downtown que podem fazer a diferença, ao explorarem da melhor forma as especificidades de Lisboa. Porém, nos últimos tempos todos parecem andar eufóricos porque Lisboa "está na moda" por, repare-se, receber cada vez mais congressos internacionais.
Que o Diplomata saiba (e não descurando a importância daquela evidência) cidades como Paris, Londres, Madrid ou Viena (que devem ter milhares de congressos e conferências por ano) são atractivas por outros motivos bem mais interessantes e inovadores.
Lisboa está longe de ser uma cidade preenchida em termos de eventos internacionais relevantes (o Rock in Rio tem sido outra das boas excepções).
Pensar eventos como o Rock in Rio ou o Lisboa Downtown pressupõe uma filosofia que é praticamente existente nos políticos, decisores e opinion makers desta praça. Por desajustamento geracional ou, simplemente, por ausência criativa, é raro surgirem ideias arrojadas e inovadoras para Lisboa que adquiram uma estatuto internacional relevante. Alexandre Guerra
"Uma breve história do medo", é desta forma que a última edição da Bulletin of the Atomic Scientists sintetiza a entrevista de Spencer R. Weart dada àquela revista. O antigo director do Center for the History of Physics do American Institute of Physics é autor de The Discovery of Global Warming, uma obra de referência na temática do aquecimento global, e de Nuclear Fear: a History of Images. Nesta entrevista, Weart fala na irracionalidade que conduz a fantasias pós-apocalípticas.
Durante anos, o Ministério da Defesa britânico (MoD) manteve total secretismo sobre as suas investigações aos objectos voadores não identificados (OVNI's). Soube-se sempre do interesse por parte do Governo de Sua Majestade nestes assuntos, mas nunca se tinha vislumbrado qualquer dos chamados X-Files britânicos.
Mas, finalmente, e ao abrigo da Freedom Information Act, o MoD foi obrigado a revelar publicamente 160 ficheiros, contendo relatórios e informação sobre registos ocorridos de 1981 até aos nossos dias. Apesar das expectativas, os resultados não parecem ser animadores para aqueles que vêem teorias da conspiração em qualquer esquina.
Os sapatos do defunto é o título do texto publicado no Jornal de Angola, assinado pelo seu director José Ribeiro, que está a provocar polémica entre Lisboa e Luanda.