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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Richard Florida, o autor da teoria dos Três T's na Gulbenkian

Alexandre Guerra, 16.04.08



Richard Florida, fundador do
Creative Class Group, é o orador convidado da segunda conferência do ciclo “Desenvolvimento Regional em Contexto de Globalização”, organizado pela CCDR-LVT e pela Ordem dos Economistas, a ter lugar esta Quinta-feira.




Numa altura em que Portugal se prepara para fazer importantes investimentos estratégicos com grande impacto regional, Richard Florida vem à Fundação Calouste Gulbenkian para falar sobre o desenvolvimento da sociedade.




Os modelos de gestão de Florida têm sido aplicados globalmente na administração regional e de empresas, destacando-se a famosa teoria dos 3T’s (Tecnologia, Talento, Tolerância). Recentemente, as ideias de Richard Florida sobre a evolução da sociedade serviram de inspiração à BMW para fazer a sua maior campanha publicitária de sempre.




Florida é um dos maiores intelectuais da actualidade. A prestigiada revista Esquire classificou-o como uma das “mentes mais brilhantes” da América. Autor de dois “bestsellers” nos Estados Unidos, Richard Florida lançou recentemente mais um livro, que já foi aclamado internacionalmente.


Embora seja ainda praticamente um desconhecido em Portugal, o Auditório 2 da Gulbenkian vai estar preenchido de conhecedores da sua obra, entre os quais várias personalidades e, sabe o Diplomata, o próprio ministro da Cultura. AG


Leituras

Alexandre Guerra, 15.04.08

Os biocombustíveis aumentaram as opções do consumidor sob o "signo" da virtude ambiental, no entanto, as consequências nefastas são já evidentes. Os preços dos alimentos disparam e, dizem as organizações internacionais, a fome no mundo poderá aumentar. Fuel Choices, Food Crises and Finger-Pointing é uma análise profunda do New York Times sobre esta temática. 

Um Governo dominado por mulheres, mas com alguns riscos políticos

Alexandre Guerra, 12.04.08


                                                                                                     El País

Mais mulheres do que homens é uma regra que se aplica em inúmeras áreas da sociedade, mas raramente na política e, muito menos, nos Governos. O Executivo espanhol, liderado por José Luis Rodíguez Zapatero, foi apresentado este Sábado e desafia essa tendência, verificando-se uma proporção claramente favorável para o sexo feminino num universo de 17 pastas ministeriais.

Num país latino como a Espanha, também ele conservador em muitos aspectos à semelhança de Portugal, tal decisão acarreta um risco político elevado, no entanto, Zapatero classificou este Governo de "coerente". E é precisamente isso que importa nestas coisas da governança dos povos.

Para este segundo mandato, Zapatero manteve a toda poderosa María Teresa Fernández de la Vega, que ocupará a primeira vice-presidência, uma das noves mulheres que integram o Governo. 

Outra das novidades (e risco) deste Executivo é a juventude de Bibiano Aido que, com apenas 31 anos, ocupa o Ministério da Igualdade. Mas, mais surpreendente é o facto da ministra da Defesa, Carme Chacón, contar apenas com 37 anos.

No entender do Diplomata, mulheres e juventude são factores positivos na política e que revelam ousadia por parte de Zapatero, mas que representam potenciais riscos numa perspectiva de oposição partidária. 

Em sociedades como a Espanha o eleitorado mais conservador, seja ele masculino ou feminino, poderá não assimiliar da melhor maneira a preponderância e a responsabilização depositadas nas mulheres. Também o factor idade, neste caso a juventude, poderá ser interpretado por muitos como falta de experiências para cargos onde se exige tal requisito, como é, por exemplo, a pasta da Defesa.

Uma das explicações que se podem encontrar para a composição inovadora e eclética deste Executivo poderá estar no facto de Zapatero precisar de um clima social e político estável para os próximos anos, para se dedicar com afinco às questões económicos.

Em editorial, o El País referia que sem maioria absoluta Zapatero precisará de toda a arte para governar durante este mandato e talvez este novo Executivo seja precisamente o resultado da veia artística do primeiro-ministro espanhol. Alexandre Guerra

A globalização da ameaça e a irracionalidade da política externa americana

Alexandre Guerra, 10.04.08


The Politics of Chaos in the Middle East
 acabou de ser traduzido do original francês para inglês e já está disponível na Amazon. E embora ainda não tenha sido lido pelo Diplomata, a obra chamou a atenção pelo facto de utilizar um novo modelo de análise à conjuntura do Médio Oriente e à sua relação com os Estados Unidos.



O interessante  deste livro, da autoria de Olivier Roy, professor na Escola de Ciências Sociais de Estudos Avançados de Paris, é que deixa de lado os conceitos que desde há cinco anos a esta parte têm sido utilizados para enquadrar toda a problemática do combate ao terrorismo internacional. Para este especialista, uma análise sob a perspectiva da agenda neoconservadora, que aspira às conquistas das reservas petrolíferas e ao domínio mundial através do seu império, deixou de fazer qualquer sentido, se é que alguma vez terá feito.



A verdade é que parece fazer muito mais sentido falar-se numa irracionalidade estratégica por parte de Washington, com Olivier Roy a evidenciar o autêntico desmembramento da política externa americana quando aplicada no terreno. Passou a estar-se perante uma dinâmica de correntes e tendências antagónicas, nas quais as intenções de Washington acabaram por resultar em realidades contrárias às pretendidas. 



Philipe Cunliffe, que faz uma análise muito interesssante do livro de Olivier Roy no Spiked Review of Books, coloca a questão nos seguintes termos: "Roy begins by observing the dissolution of American foreign policy into a jumble of mutually opposing trends. Far from becoming the hub of a new American imperium, the invasion of Iraq has established a regime closely linked to America’s designated enemy in the region, Iran. The Kurdish guerrillas sheltering in northern Iraq and fighting for independence from Turkey pits Turkey against American support for Kurdish autonomy in Iraq. America’s allies, Saudi Arabia and Pakistan, support America’s opponents in Iraq and Afghanistan (Sunni tribes in Iraq and the Taliban, respectively). America’s support for the overthrow of Islamists in Somalia by Ethiopian forces has guaranteed the return of those very same Islamists, who have now become the national defenders of Somalia by virtue of American belligerence. Islamists are the dominant political force in Palestine and Lebanon (Hamas and Hizbollah, respectively). And to top it all off, Osama bin Laden and Mullah Omar (remember them?) remain at large. The Empire bestriding the ‘Greater Middle East’ seems to have been hallucinated by a left that is even more bewildered than the neo-cons in Washington." 


Na análise que Cunliffe faz ao livro de Olivier Roy, refere ainda que este autor não se deixa influenciar por teorias da conspiração, nas quais existem agendas escondidas para defender os interesses do império americano. Roy opta antes por justificar a actual situação no Médio Oriente com um conjunto de esforços "incoerentes" por parte da diplomacia norte-americana.



Além disso, Washington não tem conseguido hierarquizar ameaças e, consequentemente, é-lhe impossível definir prioridades estratégicas de uma forma séria e sólida. Sobre este assunto, pode ler-se em The Politics of Chaos in the Middle East: "Globalisation of the threat makes any rational strategy impossible and paves the way for a hollow, bombastic rhetoric, which above all serves Western societies internal debates." Alexandre Guerra


Leituras

Alexandre Guerra, 08.04.08


O The Lede, o blogue de Mike Niza do New York Times, prestou hoje um excelente serviço aos leitores, ao descrever de forma dinâmica e incisiva a audiência que o general David H. Petraeus, comandante das forças americanas no Iraque, e o embaixador americano em Bagdad, Ryan C. Crocker, tiveram perante o Comité dos Serviços Armados do Senado.


Mogadishu continua a ser uma cidade pouco recomendável...

Alexandre Guerra, 07.04.08



"A cidade dos fantasmas". É desta forma que Mark Doyle, experiente repórter de guerra da BBC World, descreve Mogadishu, num texto publicado hoje no site daquela estação. Sendo raros os testemunhos jornalísticos que se fazem ouvir provenientes da Somália, o Diplomata dedica sempre especial atenção a todo o "material" informativo que, de quando em quando, chega até às redacções.

Neste capítulo, a BBC World, juntamente com uma ou outra agência noticiosa, tem sido dos poucos órgãos de comunicação a colocar homens em terreno somali, de forma a colher in loco a realidade quotidiana de um país que, melhor do que qualquer outro, representa a falência de todo o tipo de instituições associadas ao princípio da soberania e da governança.
 
A Somália é, efectivamente, o paradigma do "Estado falhado". Foi assim que foi apresentado ao autor destas linhas ainda nos tempos do curso de relações internacionais, e é esta a única forma de olhar para a Somália nos dias de hoje.

Mark Doyle dificilmente poderia ver outra coisa que não fantasmas nalgumas partes de Mogadishu, vagueando pelos escombros das casas e pelas paredes cravejadas de balas. O que não é de estranhar, diga-se, se se tiver em conta que há já muitos anos, sobretudo desde a morte de Siad Barre em 1991, o passatempo preferido dos somalis é guerrearem-se e matarem-se uns aos outros. Pelo meio e de tempos a tempos lá vai surgindo uma distracção com os soldados etíopes, que vão fazendo incursões em território somali, como aquela que se verificou em 2006 sob o pretexto de derrotar os Tribunais Islâmicos que tinham acabado de assumir o controlo de parte de Mogadishu.  
 
Diz o porta-voz do Governo somali (se é que tal coisa possa existir), Abdi Haji Gobdon, o seguinte: "Attacks and violence are very rare now. You see, here we are at Villa Somalia [site of the presidency], the highest point in the town, and we can hear no shooting." Perante este apurado e inequívoco barómetro de violência, parece que os dias de acalmia regressaram... Não fosse a situação séria, esta tirada de Gobdon encaixava-se perfeitamente num filme cómico à boa maneira de Hollywood

Actualmente, está no país um contigente militar do Uganda com as insígnias da União Africana, mas o número de soldados é tão reduzido que estes nem se atrevem a entrar no tristemente célebre mercado de Bakara. Alexandre Guerra
  

Uma Câmara onde alguns são mais "comuns" do que outros

Alexandre Guerra, 04.04.08


Ao contrário da outra, a de Londres, esta Câmara de Comuns promete vir a ser muito mais animada, com debates multipartidários, onde já deu para perceber que se vão cerrar verdadeiras fileiras intramuros. Mas, certamente que será essa mesma dinâmica interna a proporcionar momentos de boa leitura.



É verdade que em relação ao perfil dos seus autores, uns são mais "comuns" do que outros, mas todos parecem ter um interesse em "comum": a política.



Efectivamente, este novo blogue que acaba de chegar e, segundo o Diplomata foi informado, já com audiências muito interessantes, é um espaço de encontro entre várias correntes políticas e ideológicas. Parece que foi essa a filosofia inerente à criaçao do blogue, no qual o autor destas linhas encontra algumas pessoas bastante próximas.



O Diplomata acolhe com prazer este novo contributo para a blogosfera nacional, esperando que a Câmara de Comuns enriqueça o debate de ideias neste universo. Alexandre Guerra
 

Portugal é um dos países que registou uma maior evolução da opinião favorável aos EUA

Alexandre Guerra, 02.04.08

O mundo está a olhar para os Estados Unidos com menos pessimismo. É esta a conclusão de uma sondagem da BBC World Service publicada hoje, e que demonstra que 35 por cento dos inquiridos consideram positiva a influência de Washington nas relações internacionais. Um número ligeiramente superior aos 31 por cento revelados no ano passado.



A sondagem da BBC World Service é bastante completa e contém um dado muito interessante, ao revelar que Portugal é um dos países onde as taxas de aprovação aos Estados Unidos mais subiram no último ano. De 29 por cento, em 2007, passaram a ser 47 por cento dos portugueses a ter uma opinião positiva sobre os Estados Unidos no mundo. AG