Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Se McCain chegar à Casa Branca, o novo livro de Kagan é para ser lido com muita atenção

Alexandre Guerra, 29.04.08


Robert Kagan acabou de lançar um novo livro, no qual vem dizer que afinal a História recomeçou, contrariando, assim, a famosa, mas também polémica, obra de filosofia política de Francis Fukuyama, "The End of the History and the Last Man".



Em o "Return of the History and the End of Dreams" (que o Diplomata ainda não leu) Kagan escreve o seguinte: "History has returned and the peoples of the liberal world need to choose to shape it or let others shape it for them." Pode-se ler ainda: "The world was not witnessing a transformation, however, merely a pause in the endless competition of nations and peoples. Nationalism, far from being weakened by globalisation has now returned with a vengeance." 



Não obstante o potencial valor da obra em questão, Kagan não faz mais do que constatar uma evidência, ao contrário do que Fukuyama fez na altura que, apesar de tudo, exigiu algum esforço criativo e filosófico. Seja como for, Kagan sublinha uma outra constatação: a Rússia e a China são autocracias e representam as novas ameaças.



Embora, aparentemente, não se esteja perante nada de muito inovador (e convém relembrar que o autor destas linhas ainda não leu a obra em questão), o exercício que Kagan faz está longe de ser inconsequente, ou não fosse este neo-conservador consultor de John McCain, candidato à presidência dos Estados Unidos.



Assim, o "Return of the History and the End of the Dreams" poderá vir a ser um documento importante na interpretação e na formulação da política externa da América nos próximos quatros anos, caso McCain chegue à Casa Branca. E só por isso já vale a pena ler o livro. Entretanto, o Diplomata sugere a leitura do artigo The End of the End of the History, do mesmo autor e publicado na The New RepublicAlexandre Guerra


Leituras

Alexandre Guerra, 28.04.08

As mais recentes condenações internacionais ao regime de Pequim e os constantes ataques à Tocha Olímpica fizeram exacerbar o espírito nacionalista chinês, há muito implantando naquele povo. O excelente texto Nationalism in China publicado no sítio do Council on Foreign Relations enquadra esta questão no papel que a China actualmente desempenha nas relações internacionais.



Sobre esta temática ler ainda Don't Feed China's Nationalism de Fareed Zakaria na Newsweek e Behind the Modern China de Robert Kagan no The Washington Post.

Estará a Alemanha preparada para se rir com o "Allo Allo!"?

Alexandre Guerra, 27.04.08


Vinte e cinco anos depois de ter estreado no Reino Unido, a célebre série humorística 'Allo 'Allo! vai finalmente passar na Alemanha, depois de um canal de televisão daquele país ter comprado um produto que chegou a mais de 40 países e que se revelou um dos maiores sucessos das últimas décadas.



Sendo certo que a Alemanha enfrenta ainda inúmeros "fantasmas" do passado, este é um excelente momento para se perceber até onde os alemães conseguem ir quando se mistura comédia e guerra. Existem alguns sinais de abertura e receptividade no que concerne à comédia relacionada com a II Guerra Mundial, mas a grande questão é saber se isso é exclusivo apenas de um público restrito. 



A BBC World fez um pequeno teste, ao convidar um grupo de pessoas representantivas da sociedade alemã para assistir ao primeiro episódio do 'Allo 'Allo! e o resultado não foi muito eufórico. AG
 

Registos

Alexandre Guerra, 25.04.08


Através de um post do Paulo Gorjão no Cachimbo de Magritte, o autor destas linhas teve conhecimento do artigo The 'New' New Left, da revista Dissent, que revela uma tendência específica de analistas e colunistas na área da política americana, infelizmente ainda ausente em Portugal.

   

Registos

Alexandre Guerra, 22.04.08


A Geórgia acusa a Rússia de ter abatido um dos seus aviões no passado Domingo. As imagens, divulgadas pela Força Aérea georgiana e transmitidas pela BBC, corroboram, aparentemente, essas acusações, no entanto, é preciso alguma prudência na análise do filme, porque a informação disponibilizada não é suficiente para se tirarem ilações veementes.

 

Os limites do bom senso... dos jornalistas

Alexandre Guerra, 19.04.08


                                                                                                                                            AFP

Um dos problemas da política nos dias que correm é ter perdido o humor e o sarcasmo que muitas vezes proporcionaram momentos de grande riqueza histórica e argumentativa. A pouca permeabilidade que actualmente os políticos, a comunicação social e a sociedade em geral têm a esse tipo de manifestações desvirtua a essência da arte de governar, porque os seus actores estão constantemete restringidos por uma lógica exacerbada do "politicamente correcto".

Tudo isto a propósito de uma notícia que o Diplomata leu no El País, dando conta de que o recém-eleito primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, voltou a "fazer das dele", durante uma conferência de imprensa em Villa Certosa, na Sardenha, com o ainda Presidente russo, Vladimir Putin.
 
Pelos vistos, a Federação Nacional de Imprensa Italiana (FNSI) terá ficado chocada pelo facto de Berlusconi ter simulado com as mãos uma arma a disparar para uma jornalista russa que estava na conferência, após ter feito uma pergunta que Putin não terá gostado.

À primeira vista esta seria, no mínimo, uma brincadeira de mau gosto e que poderia colocar em causa o princípio de liberdade de imprensa, no entanto, lendo com mais atenção a notícia percebe-se o ambiente em que tudo se passou e chega-se a uma conclusão diferente: ao contrário de outras situações no passado, desta vez Il Cavalieri foi apenas sarcástico perante uma pergunta inconveniente da jornalista russa. Esta, talvez pensando que estaria a servir os interesses dos leitores russos, perguntou a Putin se estava em processo divórcio.

Além da questão por si só não ser motivo de notícia nem de interesse público, dificilmente se a consegue enquadrar numa visita do Presidente russo ao estrangeiro, sobretudo durante uma conferência de imprensa acompanhado do chefe de Governo de outro país. Há limites e noções de bom senso que devem reger os jornalistas em diferentes situações, e neste tipo de conferências de imprensa estas são perguntas que apenas servem para cobrir de rídiculo o próprio repórter.

O autor destas linhas já participou em inúmeras conferências de imprensa, muitas com altas personalidades de Estado, quer nacionais quer internacionais, e seria inconcebível que surgisse qualquer pergunta do género. O bom senso nunca permitiria que se misturasse questões de índole pessoal e privado com assuntos de Estado e relevantes na vida das sociedades e do sistema internacional 

Assim, o tal gesto "polémico" de que a FNSI se queixa não foi mais do que uma forma sarcástica e humorística de Berlusconi evitar embaraçar a jornalista ao dizer algo como isto: "Minha senhora essa pergunta é indelicada e a vida pessoal do Presidente Putin não lhe diz respeito." Alexandre Guerra
 

Pág. 1/3