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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Registos

Alexandre Guerra, 29.12.07

1. Na sequência de um texto escrito neste espaço sobre a conjuntura no Paquistão, o Diplomata recomenda a leitura da mini-entrevista de Christian Le Miere, perito do grupo de informações estratégicas do instituto Jane, dada à AFP e reproduzida hoje no Público. 



2. Ao ler um texto colocado no blogue Combustões, constata-se que o autor é certeiro na análise que faz à questão das elites intelectuais. Infelizmente, trata-se de uma realidade vivida por todos aqueles que pertencem às gerações mais jovens, nomeadamente àquelas nascidas depois do 25 de Abril, e que, por dever profissional ou por iniciativa pessoal, gostam de contribuir com novas ideias e pensamentos para o debate intelectual em Portugal.



No entanto, e como se pode ler no Combustões, a velha elite, que contempla nomes como António Barreto, Pacheco Pereira ou Vasco Pulido Valente, asfixia a emergência de novos contributos, além de continuar a "falar para si e para as suas memórias". AG 

The world at 2008...

Alexandre Guerra, 29.12.07



A três dias de se celebrar a entrada em 2008, o Diplomata (via Notas ao Café) recorre a um cartoon da autoria de Graeme Mackay, publicado no Hamilton Spectator, para ilustrar um dos temas "quentes" que dominará a agenda internacional no próximo ano.
 

Um exemplo de excelência jornalística

Alexandre Guerra, 28.12.07


O trabalho realizado pelo fotógrafo John Moore da Getty Images durante o comício de Benazir Bhuto é um exemplo de excelência jornalística. Em serviço especial para o New York Times, John Moore explica o que viu e o que se passou nas últimas horas de vida de Benazir. Através do Kontratempos de Tiago Barbosa Ribeiro, o Diplomata pôde visionar as fotografias e ouvir o testemunho de Moore, que revela um elevado nível de profissionalismo, bem visível no momento da explosão: a poucos metros do carro de Benazir Bhutto, o fotojornalista nunca largou a sua máquina e manteve a calma suficiente para a colocar no modo automático mais rápido. AG
   

Da violência de rua à luta pelo poder, o caminho é curto

Alexandre Guerra, 28.12.07

Depois do atentado trágico ocorrido ontem em Rawalpindi que ceifou a vida a Benazir Bhutto, líder do Partido Popular do Paquistão (PPP), e a outras 20 pessoas, algumas das principais cidades do Paquistão mergulharam num clima de violência que, segundo as mais recentes notícias, provocaram até ao momento 23 mortos. Mas, para já, trata-se de uma violência de “rua”, com vários confrontos entre apoiantes de Benazir Bhutto e forças de segurança, muitos carros destruídos, lojas vandalizadas, bancos assaltados e linhas de comboio obstruídas.


Por mais crua que possa parecer esta observação, ela é pertinente quando se está falar de um país detentor de um complexo militar dotado de um Exército organizado e disciplinado e de um arsenal bélico e nuclear moderno pronto a usar. Nesta perspectiva, faz todo o sentido em falar-se de uma diferença abismal entre a violência de “rua” e a luta nos “corredores de poder”. Porque é esta última que poderá ter implicações dramáticas ao nível do sistema internacional, visto que é só através dos canais da governação que se pode ter acesso ao controlo de todo o complexo militar paquistanês.


Em termos estratégicos e na óptica das relações internacionais, a actual situação ainda não é dramática, tendo em conta a natureza da violência a que se está assistir. É verdade que se lamentam as mortes e a destruição material, no entanto, este cenário ainda não colocou em causa a estrutura do Estado paquistanês. Isto não significa que não possa vir a acontecer. Rapidamente a conjuntura do país poderá piorar e conduzir à sua fragmentação social e política. Porque, como refere Stephen P. Cohen, analista do Brookings Institutions, o grande perigo reside na possibilidade da vasta maioria moderada desmoralizar e deixar o país entregue ao caos.


Para evitar esse cenário, as forças de segurança emitiram o estado de “alerta vermelho” por todo o país, de modo a estancar a violência. O objectivo é evitar que a violência das ruas afecte a estrutura social e política do país. É verdade que há muitos meses que diferentes facções se digladiam em defesa de um regime, chegando mesmo a obrigar Musharraf a impor a lei marcial, sendo posteriormente coagido a levantá-la, mas a estrutura do Estado tem-se mantido incólume.


Toda esta situação que se tem vivido no Paquistão nos últimos meses, demonstra o quão Washington perdeu influência nos assuntos internos do seu aliado. De acordo com analistas e diplomatas citados pelo New York Times, o assassinato de Benazir veio demonstrar precisamente essa realidade.


Um dos principais desafios da administração do Presidente George W. Bush passa agora por ajudar a manter unida a principal instituição do Paquistão: o Exército. Uma tarefa que se adivinha difícil à medida que se agitam e se radicalizam as posições das diferentes facções e movimentos sociais e políticos. A sustentabilidade do Exército vai sobretudo depender de dois factores: legitimidade do poder político e influência dos grupos radicais islâmicos. O futuro do Paquistão depende da intensidade destas duas variáveis e na forma como se vão repercutir na estrutura do Exército.


Mas, se estas são as variáveis, quais serão então os factos adquiridos:


1. Sabe-se que existem zonas do Paquistão (nomeadamente as zonas tribais na fronteira com o Afeganistão) onde o Estado pura e simplesmente não se faz sentir. Exceptuando algumas operações militares esporádicas, zonas como o Waziristão Norte são um “Estado dentro de um Estado”, onde quem manda são os líderes tribais, muitos deles com ligações aos taliban afegãos;


2. Em determinadas cidades paquistanesas, como Karachi, existem autênticos vespeiros de radicais e de terroristas islâmicos que, beneficiando da conivência das forças de segurança (por medo ou por cumplicidade), operam sem grande oposição;


3. Embora tenha sido formalmente afastado da hierarquia militar, o Presidente Musharraf continua a manter a sua influência sobre as forças armadas;


4. O Exército mantém a unidade e a cadeia de comando intacta.


Entretanto, o primeiro-ministro Muhammad Mian Soomro diz que vai contactar todos os partidos políticos a propósito das eleições convocadas para o dia 8 de Janeiro, embora tenha adiantado que o calendário se mantém inalterado. Também a administração norte-americana, segundo fontes citadas pelo New York Times,  defende a continuidade da data. Porém, existem poucas condições políticas e de segurança para a realização do sufrágio. Por exemplo, o antigo primeiro-ministro, Nawaz Sharif, líder de um partido da oposição e candidato às eleições, já fez saber que vai boicotar o acto.
Alexandre Guerra
 

Esforços inglórios

Alexandre Guerra, 27.12.07


                                     Stuart Price/African Union Mission in the Sudan/via Agence France-Press

Os esforços financeiros e humanitários têm sido alguns, mas nem por isso têm ajudado a inverter a tendência de subnutrição que assola milhares de crianças na região de Darfur. São cada vez mais as crianças em risco de morrer à fome. De acordo com um novo relatório das Nações Unidas, 16,1 por cento das crianças afectadas pelo conflito de Darfur são subnutridas. No ano passado o número ficava-se nos 12,9 por cento.

Apesar de se estar perante a maior operação de ajuda humanitária do mundo a decorrer neste momento, envolvendo13 mil pessoas, 13 agências subsidiárias da ONU, 80 ONG’s e mil milhões de dólares anuais, a situação das crianças no Darfur piora de ano para ano. “O sistema não está funcionar como esperávamos”, disse Jean Rigal, director da delegação dos Médicos Sem Fronteiras no Sudão. AG
 

Leituras

Alexandre Guerra, 26.12.07

Quando se fala de política, Jon Bon Jovi surge como uma espécie de "Bono" de Nova Jersey. Referência incontornável na cena Pop Rock dos últimos 20 anos, Bon Jovi tem estado sempre próximo da política interna, mantendo-se muito activo nesta área. Com a actual campanha eleitoral a decorrer, em Politicians af All Stripes Join the Line for Bon Jovi percebe-se a importância que aquele cantor pode ter no campo democrata.

Leituras

Alexandre Guerra, 26.12.07


Mais do que uma "policy maker", Hillary Clinton foi, durante os anos em que desempenhou o papel de primeira-dama, uma "sounding board", refere o New York Times. Ou seja, Clinton nunca terá tido uma intervenção significativa no processo de decisão política do seu marido Bill, sobretudo em questões de defesa e de segurança. O artigo Clinton's Résumé Factor: Those 8 Years as First Lady escalpeliza o desempenho da actual candidata democrata durante os oito anos em que esteve na Casa Branca como "First Lady".

 

O nascimento de Jesus Cristo e a política

Alexandre Guerra, 24.12.07


The Adoration of the Magi  
MASACCIO (San Giovanni Valdarno, Arezzo 1401-1428) 
Berlin: Kaiser Friedrich Museum

O Natal é vivido pela maioria das pessoas como um acontecimento "familiar", no qual se celebra o nascimento do Rei dos Judeus (embora nas actuais sociedades pós-modernas já muito poucos façam essa associação). Nesta lógica de pensamento, a época natalícia é sobretudo um fenómeno social com um brutal impacto económico.

No entanto, e remontando às origens do Natal, na pequena cidade de Belém, vislumbrava-se algo mais do que a componente familiar/social. Efectivamente, não foi preciso muito tempo para que o nascimento de Jesus Cristo fosse assumindo um carácter político e para que lhe tivesse sido atribuído uma dimensão para lá da manifestação familiar/social. 

O Império Romano acabaria por constatar essa tendência nos seus terrítórios, ao ver transformado um fenómeno social e religioso numa questão política. A fundação da Igreja de Roma por São Pedro, o Pescador, e o respectivo "aval" do Império acabou por ser uma resposta política a um problema que extravasava as esferas social e religiosa. 

Porém, esta componente política raramente é associada ao nascimento de Jesus Cristo e ao Natal na altura das pessoas se reunirem na noite da Consoada. Aqui, sobressai sempre o espírito familiar daquela noite de Belém. Mas, repare-se que mesmo nesse ambiente surgiu o primeiro sinal político, com a presença de emissários (Três Reis Magos) que, vindos do Próximo Oriente, deslocaram-se à Cisjordânia para ver o recém nascido "rei" dos judeus. Aliás, este acontecimento gerou de imediato preocupações políticas na corte do Rei Herodes, sentindo-se este ameaçado com o nascimento de Jesus Cristo.

Tal como se veio a verificar mais tarde, as preocupações de Herodes adensaram-se, tendo o nascimento de Jesus Cristo transformado-se numa problemática de poder para a corte hebraica, originando as mais vis e perversas tácticas de propaganda e contra-informação, de forma a fragilizar Jesus Cristo perante o Império, num primeiro momento, e depois face ao Sinédrio, num segundo momento.

Apesar disto, a verdade é que o Natal é unicamente associado a uma noite idílica de criação, esquecendo-se quase sempre os ventos turbulentos que tal acto trouxe consigo.
 
Por isso, seria um exercício interessante e curioso se as famílias aproveitassem esta época festiva para se reunirem à mesa não apenas para comer e trocar oferendas, mas para discutir e debater a sociedade que os rodeia, os seus problemas e desafios. Estariam a celebrar verdadeiramente o nascimento de Jesus Cristo. Alexandre Guerra
   

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