Mais um sonho que se desvanece
Shannon Stapleton/Reuters
Para quem nutre paixão pelo desporto, como é o caso do autor destas linhas, os últimos tempos foram férteis em desilusões, com o surgimento de inúmeras notícias relacionadas com casos de doping e de violação das regras internacionais que existem para garantir um espirito de igualdade de oportunidades para todos os atletas que alinhem à partida em qualquer prova ou competição.
O ciclismo tem sido sem dúvida a modalidade mais fustigada e a última edição da volta à França veio apenas confirmar uma tendência há muito evidente. Houve de tudo um pouco, desde casos de doping à violação dos estatutos impostos pela UCI.
De tudo isto resulta a seguinte permissa: os heróis de hoje são potenciais batoteiros de amanhã. Esta é uma ideia que se instalou no ciclismo, onde já ninguém parece confiar no princípio da "verdade desportiva".
É verdade que há muito tempo que a alta competição deixou de assentar única e exclusivamente no "treino", no entanto, isto não significa necessariamente que se passe determinadas linhas vermelhas impostas pelos organismos internacionais que regem as diferentes modalidades e pelo Comité Olímpico Internacional. O recurso ao doping, a violação das regras ou a compra de árbitros são apenas alguns exemplos que pervertem por completo o espírito desportivo.
Ontem, e sem grande surpresa, caiu mais um herói, ou melhor dizendo, uma heroína. A velocista Marion Jones admitiu à saída do tribunal ter ingerido substâncias ilegais antes dos Jogos Olímpicos de 2000. Para quem se lembra de a ver correr em Sydney, onde ganhou cinco medalhas, três de ouro, a desilusão é avassaladora.
O estilo, a elegância e a perfomance faziam de Marion Jones uma atleta de sonho, um sonho que agora se desvanece de forma inglória. Resta-lhe a forma honrosa como pediu desculpa aos seus fãs. AG