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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Das boas intenções ao mau gosto...

Alexandre Guerra, 03.08.07

Por coincidência, no mesmo momento em que o Diplomata estava a assistir à entrevista de Márcia Rodrigues ao embaixador do Irão em Portugal (tratava-se da repetição), deu conta, através do Tugir, que tal acontecimento jornalístico está a gerar na imprensa e na blogosfera alguns comentários sobre a indumentária com que a editora de Política Internacional da RTP se apresentou perante o representante diplomático iraniano.


De facto, Márcia Rodrigues terá exagerado naquilo que pode ser interpretado como um gesto simpático e uma tentativa de "respeitar" a cultura e a tradição de um povo. O princípio é louvável, mas terá de ser aplicado com bom senso. Porque o que poderia ser uma boa estratégia para ganhar a confiança do entrevistado e credibilidade junto do público, acabou por resultar num espectáculo televisivo ridículo.  


Márcia Rodrigues estava simplesmente desajustada ao ambiente, algo que desafia uma regra básica de qualquer trabalho de campo de um jornalista: discrição.


Nem mesmo no Irão, as jornalistas estrangeiras estão sujeitas a tal indumentária: lenço, sim, mas não é preciso tapar a cara e muito menos as mãos. Há uns tempos, uma jornalista portuguesa esteve no Irão e entrevistou uma das figuras mais proeminentes do clero iraniano e não foi preciso tanto aparato para a mesma realizar a sua entrevista nem outras reportagens no terreno.   


Além do mais, o autor destas linhas já teve a oportunidade de estar reunido com duas altas personalidades da Embaixada e uma coisa é certa: nada fez transparecer estar-se perante um protocolo rígido, seja em termos de indumentária ou de outra categoria qualquer. Pelo contrário, ao Diplomata foi sempre manifestada muita boa vontade por parte da Embaixada dentro de moldes perfeitamente razoáveis.


Mais, o autor deste espaço chegou mesmo a ser convidado pela Embaixada iraniana para uma recepção formal, sem que fosse feita qualquer referência ao traje a usar pelo Diplomata ou por uma eventual companhia feminina.


Para concluir, não obstante as possíveis boas intenções de Márcia Rodrigues, a verdade é que a opção da jornalista revelou-se desajustada em termos de gosto, acabando por ter um efeito perverso, já que a sua aparência criou ruído sobre o conteúdo da entrevista. Alexandre Guerra  

A Rússia dá um passo simbólico na conquista do Pólo Norte

Alexandre Guerra, 02.08.07

                                                                                                              Reuters

1) North Pole: Russia leaves its flag on the seabed, 4,000m (13,100ft) beneath the surface, as part of its claims for oil and gas reserves
2) Lomonosov Ridge: Russia argues that this underwater feature is an extension of its continental territory and is looking for evidence
3) 200-nautical mile (370km) line: Shows how far countries' agreed economic area extends beyond their coastline. Often set from outlying islands
4) Russian-claimed territory: The bid to claim a vast area is being closely watched by other countries. Some could follow suit

Fonte: BBC On Line

Na sequência de um texto aqui colocado há umas semanas, o Diplomata informa que um grupo de exploradores russos a bordo dos mini-submarinos Mir-I e Mir-II hasteou uma bandeira especial de titânio do país a 4 200 metros de profundidade nos mares do Pólo Norte, num gesto simbólico que visa declarar aquele território como parte integrante da plataforma continental da Rússia. O chefe da missão e também deputado, Artur Chilingarov, citado pela agência Itar-Tass, disse que a bandeira representa a presença permanente da Rússia no Pólo. 

Desde 2001, que Moscovo clama por uma parte do solo submarino que actualmente se encontra sob jurisdição internacional. As autoridades russas sublinham que o território em causa faz parte da massa continental da Rússia, tendo por isso enviado há uns dias uma expedição científica com o objectivo de provar as suas alegações. Convém referir que esta região do Ártico é rica em recursos energéticos e minerais, sendo também cobiçada pelos Estados contíguos ao Pólo Norte: os Estados Unidos, a Noruega, a Dinamarca (através da Gronelândia) e o Canadá.

O presidente russo, Vladimir Putin, tem defendido veementemente a anexação das 460 mil milhas quadradas, uma zona conhecida como Lomonosov Ridge que se encontra sob a administração do International Seabed Authority. Apesar das Nações Unidas terem rejeitado as pretensões da Rússia, Moscovo tenta agora demonstrar cientificamente que Lomonosov Ridge faz parte da plataforma continental russa. AG 

PS: No canal Russia Today pode-se ler a notícia e ver o filme sobre a expedição.

Obama ameaça Paquistão à procura de dividendos políticos

Alexandre Guerra, 01.08.07

 

O candidato presidencial Barack Obama tornou hoje clara a sua visão da "guerra ao terrorismo". O senador democrata não podia ter sido mais directo e objectivo: se o Paquistão falhar dentro das suas fronteiras no combate ao terrorismo, então os Estados Unidos devem actuar naquele país para destruir os alvos da al-Qaeda.

Esta foi a primeira vez que Barack Obama enunciou de forma tão pormenorizada pontos do seu programa eleitoral relativos à política externa e ao problema do terrorismo. "Se tivermos na nossa posse informação altamente credível sobre importantes alvos terroristas e se o Presidente [Pervez] Musharraf não agir, então agiremos nós", disse Obama no Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington.

Este é o cenário que o candidato democrata quer tornar real se vier a ser eleito nas presidenciais do próximo ano. Para o senador do Illinois, a política desenvolvida pela administração de George W. Bush no Iraque comprometeu a capacidade persuasora de Washington sobre o Presidente paquistanês, Pervez Musharraf.

Apesar do "entusiasmo" bélico manifestado por Obama, o mais provável é que o senador democrata esteja apenas a tentar capitalizar pontos com a ausência de resposta da Casa Branca à periclitante conjuntura que se vive no Paquistão em termos de luta antiterrorista. Porque só desta forma é que se pode explicar e interpretar as declarações de Obama, que de outro modo poderiam ser qualificadas de irresponsáveis e de muito imprudentes.

Neste sentido, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Tasnim Aslam, citada pela agência AFP, já informou que nenhum candidato americano deveria aproveitar-se de um "assunto tão sério" para retirar benefícios políticos. AG  

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