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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Núbios acusam Governo sudanês de querer inundar a sua "civilização"

Alexandre Guerra, 31.08.07

 

                                                                                                                 Caroly Cole/LAT

 

Não são africanos nem são árabes, são núbios, uma das mais antigas civilizações africanas. É desta forma que os autóctones da Núbia - região que se divide entre o Norte do Sudão e o Sul do Egipto - se consideram.

 

Na excelente reportagem do jornalista Edmund Sanders do Los Angeles Times fica-se a saber que a Núbia vive momentos conturbados, ameaçando tornar-se no terceiro foco de conflito interno no Sudão - o primeiro foi no Sul, que se prolongou por mais de 20 anos, e o segundo a Oeste, na região de Darfur, que eclodiu em 2003 e ainda se mantém.

 

Na origem do descontentamento dos núbios está a mesma razão que esteve por detrás dos outros dois conflitos referidos: discriminação e marginalização das gentes locais por parte do Governo central, dominado por uma elite muçulmana.

 

 

                                                                                                                Carolyn Cole/LAT

A conjuntura agudizou-se em Junho, quando os soldados abriram fogo sobre uma manifestação anti-governamental de 5000 pessoas, matando quatro e ferindo 12. Um acontecimento que passou ao lado da imprensa internacional.

 

A partir deste incidente criaram-se as condições para a emergência de um grupo rebelde, Kush Liberation Front, que tem como objectivo a luta armada contra as autoridades de Cartum. Os membros daquele movimento acusam o Governo de opressão étnica e cultural e de estar a utilizar os recursos naturais daquela região sem ter em conta os interesses dos núbios.

 

Uma das medidas prende-se com a intenção do Executivo de construir duas ou três barragens para produção de electricidade numa zona do rio Nilo, precisamente no centro da Núbia. Obras desta envergadura obrigam necessariamente à deslocação de vilas inteiras e à destruição de alguns locais de importante valor arqueológico. "Eles querem-nos separar das nossas raízes e inundar a Núbia e toda a sua história", disse ao jornalista do Los Angeles Times, Sharif Adeen Ali, de 53 anos, um agricultor da aldeia de Sebu. Alexandre Guerra

 

 

Uma boa sugestão...

Alexandre Guerra, 30.08.07

Ainda a propósito do texto aqui colocado O desporto como factor de poder e da temática sobre "diplomacia pública", o jornalista espanhol Felipe Santos recomenda aos leitores do Diplomata um interessante texto de sua autoria, El fútbol une Iraq.


O autor deste espaço também não pode deixar de referenciar o blogue de Felipe Santos, Diplomacia Publica-Public Diplomacy, e de se congratular por cativar leitores da vizinha Espanha. Além de jornalista, Felipe Santos é também professor de "comunicación Política del Centro Universitario Villanueva (Universidad Complutense de Madrid) y colaborador de la Revista Cultural Dosdoce.com. Cuenta con una amplia experiencia en el campo de la asesorí­a estratégica de comunicación de instituciones y empresas. Es licenciado en Ciencias de la Información por la Universidad de Navarra y diplomado en Defensa Nacional por el CESEDEN (Estado Mayor de la Defensa) y la Universidad Rey Juan Carlos". AG

A homenagem

Alexandre Guerra, 29.08.07

Estátua de homenagem a Nelson Mandela colocada na Praça do Parlamento, em Londres (Foto: Graeme Robertson)

Aos 89 anos, as lágrimas de emoção ainda lhe escorrem pela face. Hoje, em Londres, a homenagem merecida a um homem que lutou pacificamente quase toda a sua vida pela afirmação de um povo. Os amantes da liberdade e da democracia em todo o mundo ficar-lhe-ão eternamente gratos. 

Aos seus inimigos, Nelson Mandela deu-lhes o perdão, sem nunca ter mostrado ódio ou rancor contra aqueles que o enclausuraram durante sensivelmente 30 anos.  

O Diplomata subscreve as palavras do primeiro-ministro britânico Gordon Brown: "Nelson Mandela é um dos mais corajosos e mais amados do nosso tempo." AG

O desporto como factor de poder

Alexandre Guerra, 28.08.07

Hoje, mais do que nunca, o desporto assume-se com um factor de poder dos Estados nas relações internacionais. Trata-se de um aspecto particular daquilo que pode ser enquadrado, num plano mais geral, como "soft power". Este tipo de poder confunde-se com a "Public Diplomacy" e esta, por sua vez, assenta na capacidade dos governos exportarem de forma não bélica as suas potencialidades técnicas, científicas, políticas, económicas, culturais, entre outras.


O Miguel Abrantes, na Câmara Corporativa, observa bem quando refere que a modernização de um país também passa pelo desporto, nomeadamente, pela evolução nas disciplinas técnicas que, normalmente, estão associadas a países desenvolvidos. De facto, constata-se a tendência das grandes potências dominarem provas como o triplo salto, na qual Nelson Évora conquistou o ouro em Osaka, ou como os 100 e 200 metros, nos quais Francis Obikwelu tem demonstrado grandes resultados. E, normalmente, quando surgem atletas de países menos avançados a darem cartas em provas técnicas convém não esquecer que o seu treino é feito em potências. 


Sublinhe-se também a prestação do jovem Arnaldo Abrantes que, com apenas 20 anos, estabeleceu esta madrugada o seu novo recorde pessoal nos 200 metros, passando aos quartos de final. Algo impensável há alguns anos, ver um português naquela fase de uma prova de velocidade em pleno campeonato do mundo. Efectivamente, o tempo de Arnaldo Abrantes (20.48) é de classe mundial. Bons indicadores para um jovem que se estreou em grandes palcos internacionais.


Terá sido um acaso? Claro que não, assim como não tem sido Nelson Évora ou Naide Gomes que, apesar de se ter ficado pela quarta posição em Osaka, não deixa de ser uma das melhores do mundo no salto em comprimento feminino. Imagine-se, quem diria isto há uns tempos. E se em relação ao Obikwelu se pode afirmar que os seus resultados são fruto da capacidade técnica de países estrangeiros, como a Espanha, onde ele se treina, este argumento cai por terra quando se fala de Nelson Évora ou de Arnaldo Abrantes, atletas que se têm treinado em Portugal.


Porém, mesmo no caso de Obikwelu, houve quem tivesse a inteligência e a sensibilidade de perceber (o professor Moniz Pereira foi uma dessas pessoas) que o nigeriano tinha potencial para "oferecer" prestígio e glória a Portugal. E é este prestígio e glória que também dão poder e autoridade aos Estados e, consequentemente, influência no sistema internacional. Relembre-se a disputa entre os Estados Unidos e a então União Soviética na área do desporto durante a Guerra Fria: tratavam-se de autênticas "guerras" dentro dos recintos desportivos, claro está, com fortes implicações políticas.


Não obstante os bons sinais evidenciados por alguns atletas nos últimos anos, Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer, não só no desporto em geral mas também em todas as outras áreas da sociedade. A modernização não se esgota na entrega de uns computadores portáteis ou no aumento do número de licenciados, é preciso sofisticar as mentalidades e compreender que a afirmação dos Estados num mundo globalizado se faz através de novos factores de poder. A cultura, o desporto ou a ciência são apenas algumas das "armas" do chamado "soft power" dos Estados, que pode ser tão ou mais influente que o tradicional "hard power", assente basicamente numa relação político-militar. Alexande Guerra 

Contrastes

Alexandre Guerra, 27.08.07

A excelência e a competência de Nelson Évora proporcionaram-lhe a glória em Osaka. Concomitantemente, Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto envolveram-se numa guerra de poder que os remeteu para uma vulgaridade indigna de uma instituição como o BCP.


O moral desta história é simples: O primeiro é um exemplo a seguir em Portugal para um profissional de uma qualquer área. Quanto aos outros "senhores ilustres administradores" espelham o Portugal provinciano e mesquinho que teima em resistir neste século XXI. AG

Costa descura Câmara e aposta nas freguesias (apenas uma teoria sobre poder local)

Alexandre Guerra, 25.08.07

A composição do novo executivo da Câmara de Lisboa gerou alguma perplexidade ao autor destas linhas. Não tanto por causa do acordo entre António Costa e Sá Fernandes, mas sim pela inexistência de uma coligação que permitisse ao PS ter maioria em 17 vereadores. Mas ontem, depois de uma conversa com a vereadora independente Helena Roseta, o Diplomata poderá ter encontrado a explicação que almejava. 


Actualmente, a fórmula de António Costa resume-se a 6+1, ou seja, o vereador do Bloco de Esquerda não é garante de aprovação prévia de qualquer proposta que seja votada em reunião de Câmara. Perante isto, seria lógico que António Costa tentasse cativar os dois vereadores independentes do movimento de cidadãos eleitores Cidadãos Por Lisboa. Assim, conseguiria a importante maioria, facilitando-lhe a tarefa para os próximos dois anos. Porém, o novo líder da Câmara não só não fez grande esforço para alcançar essa solução, como desprezou a disponibilidade manifestada por Helena Roseta.


Embora a possibilidade de acordo ainda tivesse sido abordada, a verdade é que Helena Roseta não gostou da forma como as coisas lhe foram apresentadas: colocar a assinatura num papel sem que fossem debatidas quaisquer ideias ou projectos. Como a mesma referiu ao Diplomata, tal situação era inaceitável, até porque Costa não estava disposto a dar qualquer pasta a Roseta, oferecendo-lhe antes um lugar numa empresa municipal. O que recusou e que até chegou a considerar ofensivo, disse.  


Seja como for, tudo isto dificulta a tarefa do novo edil até 2009. E relembre-se que neste espaço de tempo convém apresentar trabalho e, sobretudo, não provocar problemas no seio da Câmara. Mas, sendo António Costa um político hábil por que razão é que não se empenhou com veemência numa solução governativa que lhe fosse mais favorável?


Ontem, Helena Roseta apresentou ao Diplomata uma teoria interesssante. Costa poderá dar-se ao luxo de descurar na Câmara se reforçar o diálogo e as relações com as várias freguesias de Lisboa e desse processo retirar dividendos políticos nas autárquicas de 2009. E é isto que Helena Roseta pensa que António Costa quer fazer.


Assim, talvez não seja por acaso que o edil nomeou Marcos Perestrello para responsável da ligação entre a Câmara e as Juntas de Freguesia. Convém dizer que Marcos Perestrello, além de ser um homem de confiança de Costa, tem sido um dos responsáveis pelas campanhas do PS e é conhecedor do aparelho. 


Perestrello detém o Departamento da Segurança Rodoviária e Tráfego, a Direcção Municipal de Ambiente Urbano, a Direcção Municipal de Projectos e Obras, o Departamento de Abastecimentos, o Departamento de Desporto Social e a Direcção Municipal de Acção Social, Educação e Desporto. Sob a sua dependência estão também a EMEL e a EMARLIS. Além disso, é ainda responsável pela ligação com a SIMTEJO, a VALORSUL e o MARL. Por tudo isto, Perestrello é conhecido como "super-vereador". Alexandre Guerra  

Os músculos de Putin, as banhas de Sarkozy e os peitorais de Blair em reportagem na BBC

Alexandre Guerra, 25.08.07

Numa altura em que as "banhas" do Presidente Nicolas Sarkozy dão tanto que falar, o Diplomata recomenda vivamente a reportagem divulgada ontem pela BBC, "Russian Proud of Presidential Pecs"*, sobre os "músculos" do Presidente russo Vladimir Putin, sem esquecer o chefe de Estado francês e o antigo primeiro-ministro Tony Blair com os seus peitorais descaídos.


*Visto ser um filme do sítio da BBC On Line não é possível estabeler uma ligação directa, sendo assim o leitor terá que fazer uma busca, mas vale a pena o esforço.  

Alguns dados sobre os ataques provenientes da Faixa de Gaza contra Israel

Alexandre Guerra, 23.08.07

I. Rocket Fire at Civilian Targets in Israel*

After Hamas completed its takeover of the Gaza Strip in mid-June 2007, terrorist groups there have carried out rocket and mortar fire toward Israel’s western Negev settlements. During the last two weeks in June, 61 rocket hits were identified. A number of Israeli civilians were lightly wounded in the attacks, and several more were found to be suffering from shock; property was also damaged.

During July, rockets continued to be fired at western Negev communities from the Gaza Strip. There were 55 identified rocket hits in Israeli territory. Noteworthy are the following rocket attacks:

July 22:  A rocket hit the Sapir College near Sderot, slightly wounding an Israeli woman.

July 23: There was a direct rocket hit on a house in Kibbutz Carmia. An eight-month-old baby girl was slightly wounded and her mother and grandmother had to be treated for shock; considerable damage was done to the building.

July 26: A rocket hit a house in Sderot, slightly wounding a woman and causing considerable property damage.

July 27: A rocket was fired and struck a community in the western Negev, Palestinians fired two mortar shells which hit close to security fence in central Gaza, and two additional mortar shells hit in a community in the western Negev . Following the incident a fire erupted at the site.

There was also a marked increase in the number of mortar shells fired at IDF forces – during the first half of July, 42 mortar shells were fired, compared with 37 in June. The mortar shells were fired at IDF forces operating in the Gaza Strip, at the crossings and at Israeli towns and farms close to the border fence.

The Palestinian Islamic Jihad and Fatah elements (which continue operating under Hamas aegis) claimed responsibility for most of the attacks, yet on July 7, Hamas itself began claiming responsibility for rocket fire, the first time since the beginning of June.

During August, rocket fire aimed at the western Negev settlements continued at an even higher rate. During the first two weeks of August, 34 rockets were fired, compared with 23 during the first half of July. One of the rockets hit a kindergarten in Sderot, which was empty at the time due to the summer vacation.

Since the Hamas takeover of the Gaza Strip in mid-June, there has been an average of 13 rockets a week (see graph below).

II. Terrorist Attacks and Israeli Counter-Terrorist Operations

While Hamas has mostly refrained from claiming direct responsibility for attacking Israel with rockets, it has taken credit for mortar attacks, sniper fire and launching anti-tank rockets at the IDF forces operating around the Gaza Strip or near the security fence.

The following are prominent terrorist attacks carried out from the Hamas controlled Gaza strip since the mid-June takeover, and the Israeli defensive reaction to these attacks:

June 18: Terrorists tossed hand grenades and fired light arms at an IDF force near the Erez Crossing, killing one Palestinian civilian in the crossing area and wounding 12 others. The IDF soldiers returned fire at the terrorists.

June 19: Shots were fired at IDF forces searching the area around Kissufim, across from the central Gaza Strip. During the exchange of fire an IDF soldier was wounded and an armed Palestinian was killed.

June 24: After terrorists launched rockets at Negev settlements, the IDF carried out an air-strike against the terrorists’ vehicle in the area of Sheikh Radwan. One terrorist was killed and two wounded in the strike. The killed terrorist was Husam Harb, an operative of the Islamic Jihad’s rocket launching unit, responsible for the rocket attacks carried out on the morning of the same day.

June 27: A firefight broke out between an IDF force engaged in counter-terrorist operations and Hamas terrorist operatives, who shot at the Israeli soldiers with light arms and anti -tank missiles. According to Palestinian reports, at least 12 Palestinians were killed. Two IDF soldiers were slightly wounded.

July 5: An IDF force operating deep in the Gaza Strip encountered armed Hamas terrorists. In the exchange of fire that followed, a number of terrorists were killed, including three Hamas operatives.

July 12: 21-year-old Staff Sergeant Arbel Raich, from Yuvalim in the Galilee , was killed when his unit, the Givati Brigade Reconnaissance Battalion, was attacked near the al-Bureij refugee camp during a counter-terrorist operation in the central Gaza Strip. Two additional soldiers were wounded. Hamas claimed responsibility for the attack on the IDF force. Hamas spokesman Fawzi Barhoum praised the killing (Al-Aqsa TV, July 12).

July 22: Two terrorist operatives threw a hand grenade at an IDF force near the Erez crossing. The soldiers returned fire and killed the terrorists. Both belonged to Hamas' terrorist operative wing and had been planning to ambush the security forces operating in the area (Hamas/Izzedine al-Qassam Brigades Website, July 22, 2007).

July 26: Two terrorists threw hand grenades at an IDF force near the border fence in the northern Gaza Strip. The force returned fire and killed them. Both terrorists belonged to a Fatah cell, and were involved in laying charges in the area.

August 4: The Israeli Air Force struck two vehicles carrying several PIJ operatives near Rafah in the southern Gaza Strip. One of the terrorists and a civilian in a passing car were killed. Five other people were injured.

August 8: Two armed Palestinians, Hamas operatives, were killed in an exchange of fire with IDF soldiers in the northern Gaza Strip.

August 14-15: The IDF carried out counter-terrorist operations in the Gaza Strip in the north (near Beit Lahiya) and the south (near Abasan).

In the course of IDF operations in the north, a tunnel was exposed in a tomato hothouse, about 700 meters (4/10 of a mile) from the northern Gaza Strip security fence. The tunnel was intended to facilitate an infiltration of operatives into Israel , for a large scale terrorist attack. The IDF demolished the tunnel. According to Palestinian reports, five Hamas operatives were killed in the Abasan area. During the operation weapons were seized, including an explosive belt and a roadside charge, both ready for use.

III. Statistical Data

Rocket fire since the Hamas takeover - Weekly Distribution

 

Monthly distribution of attacks over past year 

Monthly distribution of identified rocket hits over past year 

  

Monthly distribution of israeli casualties over past year 

*Informação gentilmente cedida pela Embaixada de Israel em Portugal.

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