Muitos defeitos e debilidades podem ser apontados ao sistema político italiano, que desde a II Guerra Mundial vai triturando governos a uma velocidade estonteante. Mas uma coisa é certa, a Itália continua a dar mostras de uma grande criatividade política, originando cenários governativos que surpreendem os espíritos dos mais criativos analistas (talvez isto ajude a explicar a longa tradição que a Itália tem em Ciência Política, produzindo autênticos "clássicos" de referência mundial).
Ao fim de dez dias politicamente conturbados, o primeiro-ministro Romano Prodi vê-lhe chegar um apoio, precisamente do último sítio expectável. Efectivamente, Silvio Berlusconi, que lidera a coligação de centro-direita, comprometeu-se a apoiar Prodi na votação de 1 de Abril relativamente à manutenção da missão militar italiana no Afeganistão.
Embora tratando-se de um apoio específico, não deixa de ser curioso que Prodi encontre em Il Cavaliere uma tábua de salvação. "Nós iremos votar para o refinanciamento da missão afegã, porque nós somos um país que tem de actuar seriamente e temos que enviar uma mensagem clara aos nossos aliados", disse hoje Berlusconi.
Por mais que custe a Prodi aceitar a ajuda do seu principal opositor, a verdade é que nesta altura o chefe do Governo tem poucas alternativas, uma vez que o voto de confiança que conquistou ontem no Senado (e que deverá obter na sexta-feira na câmara baixa) não resolve, por si só, o problema do Afeganistão. Dos 9 partidos que integram a coligação governativa, alguns, sobretudo os de cariz comunista, já fizeram saber que continuam a opôr-se à manutenção dos 1800 soldados italianos em território afegão até 2011. AG
Senado italiano (câmara alta)
Fonte: BBC on Line