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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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James Cameron diz que mostra amanhã caixão de Jesus Cristo

Alexandre Guerra, 25.02.07

 

The Entombment of Christ (1520)

Tiziano VECELLIO, Colecção Luís XIV, Louvre

A ressurreição de Cristo nunca aconteceu. E a prova disso é que Jesus, o Nazareno, foi enterrado nos arredores de Jerusalém, onde aliás alegadamente sempre esteve. Pode ser mais uma das inúmeras teorias a juntar-se a tantas outras que nos últimos tempos floresceram sobre este tema, mas desta vez o seu autor é o prestigiado realizador e produtor James Cameron, que se prepara para apresentar o seu mais recente documentário intitulado "Jesus: Tales from the Crypt". 

Cameron, que é apenas o produtor, tendo Simcha Jacobovoci tido a tarefa de realizar o documentário de 90 minutos, fez questão de sublinhar que não se trata de mais uma teoria da conspiração. É tudo verdade, diz ele. 

O documentário irá passar brevemente em várias televisões, incluindo o Discovery Channel. Para confirmar a veracidade do que vai ser revelado, a sua equipa, segundo a Time, recorreu à analise de factos através das modernas tecnologias, nomeadamente, do ADN. Mas a quem foi analisada aquela estrutura molecular? É uma pergunta para a qual ainda não há resposta, sendo necessário esperar pelo documentário.

Porém, Cameron defende que os 10 túmulos encontrados há 27 anos numa gruta, mais concretamente, numa cripta com 2000 anos perto de Jerusalém, eram da família de Jesus e do próprio. Refira-se que dez anos após esta descoberta, foram identificados os nomes dos túmulos, constatando-se, entre outros, o de Jesus e o de Maria. Mas, estes eram nomes comuns na região. Além de que o autor desta descoberta, proeminente arqueologista israelita, Amos Kloner, nunca associou este Jesus ao do Novo Testamento (devido a várias razões).  

Cameron pretende, no entanto, demonstrar no seu documentário que um daqueles túmulos foi de facto o de Jesus Cristo. Como? É preciso esperar para ver, mas não muito. Porque a Time refere que está marcada para amanhã uma conferência de imprensa em Nova Iorque, na qual Cameron vai mostrar três caixões: o de Jesus, o de Maria, sua mãe, e do Maria Madalena.   

Independentemente da veracidade dos factos, e caso se confirme a conferência de imprensa de amanhã, adivinha-se uma polémica de proporções bíblicas.

Duas notícias a reter este fim-de-semana

Alexandre Guerra, 25.02.07

A primeira notícia que merece atenção, e caso se confirme marcará a agenda política da próxima semana, prende-se com o possível "regresso" de Paulo Portas ao CDS. De acordo com a edição de ontem do jornal Sol, o antigo ministro da Defesa deverá anunciar na terça ou quarta-feira, em conferência de imprensa, "a sua disponibilidade para se candidatar à liderança" do partido.


Certamente, que esta era uma notícia há muito aguardada pelos "portistas" e seguidores fiéis daquele dirigente que, desde a eleição de Ribeiro Castro para a liderança do CDS, foram saneados ou, pelo menos, afastados dos lugares de destaque.


A única excepção foi, de facto, o grupo parlamentar, que durante algum tempo ainda se manteve como uma força contrária à influência de Ribeiro Castro. De tal forma, que o resultado foi aquele que se viu recentemente, com episódios lamentáveis, envolvendo acusações e trocas de argumentos entre Nuno Melo e dirigentes nacionais do partido, incluindo Ribeiro e Castro.


Perante o clima de conflito que se vive dentro do CDS, é quase certo que desde ontem já se contam espingardas nos dois lados das trincheiras. Nuno Melo e Telmo Correia não deverão perder esta oportunidade para clamarem "vingança": o primeiro, por ter perdido a liderança da bancada parlamentar (de que tanto gostava), o segundo, por não ter conquistado a liderança do partido (que tanto queria).


Mas, outros actores se deverão juntar a este processo (interessante será ver o papel de Maria José Nogueira Pinto, sobretudo com esta crise na Câmara de Lisboa). 


Do lado do poder instituído, pode-se já amanhã saber qual o nível de preocupação de Ribeiro Castro. Se decidir ficar por Lisboa e não apanhar o tradicional voo das segundas-feiras à tarde para Bruxelas (onde funcionam os serviços do Parlamento Europeu), então está definido: a sua recandidatura começa a ser preparada de imediato, significando que o início das hostilidades está para breve.


A segunda notícia a reter neste fim-de-semana foi publicada, ontem, pelo Público e poderá antecipar uma nova tendência governativa nos próximos dois anos, mais concretamente até às eleições legislativas. Tendo possivelmente se inspirado em Carmona Rodrigues, José Sócrates aderiu à "moda" da acumulação de competências.


A julgar pelo Público, o primeiro-ministro "decidiu chamar a si a condução política do processo de encerramento dos serviços de urgência, tentando extinguir o rastilho que o ministro da Saúde, Correia de Campos, ateou quando, esta semana, acusou os autarcas de estarem a contribuir para a fúria das populações". 


Numa altura em que o Governo faz dois anos, ora aqui está mais um bom caso prático que permite, por um lado, ver as falhas no seio do Executivo (falta de comunicação interna e pouco clareza na transmissão da mensagem para a opinião pública) e, por outro, uma melhor compreensão do estilo governativo de Sócrates. AG   

Visão Raio X nos aeroportos americanos

Alexandre Guerra, 24.02.07

 

                                                                               Elaine Thompson/Associated Press

Começou a ser ontem testado no aeroporto internacional de Phoenix um novo dispositivo de raios X que permite às autoridades não só verem os interiores dos habituais sacos e malas mas também o que está debaixo da roupa das pessoas, podendo identificar, deste modo, armas, bombas ou líquidos explosivos que, eventualmente, estejam escondidos.

Este engenho foi disponibilizado pela Transportation Security Administration e será também testado, numa fase posterior, nos aeroportos de Los Angeles e de Nova Iorque. Para já, as vistorias serão feitas apenas a voluntários. De acordo com os responsáves daquela entidade citados pelo New York Times, neste momento está-se numa fase de testes quanto à fiabilidade da máquina e relativamente à receptividade do público.

Londres quer, mas Washington nem por isso

Alexandre Guerra, 23.02.07

 

A poucos meses de deixar o número 10 de Downing Street, Tony Blair parece estranhamente determinado a criar problemas na fase final da sua governação. E, desta vez, arrisca-se a ter milhares de pessoas nas ruas a protestarem contra si.

Isto a propósito das conversações entre Londres e Washington, conhecidas ontem, relativamente ao sistema antimíssil norte-americano que está em fase de construção. Trata-se de uma nova versão da famosa Iniciativa de Defesa Estratégica dos anos 80, na altura patrocinada pelo Presidente Ronald Reagan e que ficou conhecida como "Guerra das Estrelas", mas que nunca chegou a passar do papel.

O que não acontece com este novo sistema, que efectivamente já se encontra numa fase bem mais avançada, apesar de não existir um consenso quanto à sua eficácia. Os testes realizados até ao momento apresentaram resultados contraditórios, havendo apenas duas certezas: trata-se de um projecto muito dispendioso e implica a colaboração de países terceiros. 

Este novo sistema (que em termos técnicos é bastante diferente do da "Guerra das Estrelas", uma vez que este visava a construção de um autêntico escudo sobre o território americano) pretende interceptar mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) em plena trajectória.

De acordo com o actual projecto, sistemas satélite de infravermelhos com a ajuda de radares (terrestres e espaciais) detectam o lançamento de um determinado vector. Posteriormente, vários sistemas de radares identificam a trajectória do míssil, assim como o seu modelo e velocidade. Toda esta informação é transmitida para um comando central militar.

É a partir desta fase que se começam a estudar as opções mais viáveis para efectuar um lançamento contra-ofensivo. O que pode acontecer fora de território americano, tendo assim os Estados Unidos de recorrer às plataformas supostamente colocadas em países aliados. Finalmente, um míssil defensivo de intercepção será lançado sob a orientação do comando central. 

A República Checa e a Polónia já anunciaram que, em princípio, vão aceder ao pedido de Washington, permitindo assim que sejam colocadas plataformas de lançamento e radares nos seus territórios.

Segundo as informações veiculadas, os Estados Unidos andam agora à procura de um país na parte ocidental da Europa para colocar mais rampas de lançamento e sistemas de detecção. A Inglaterra é, neste momento, uma parte interessada em acolher esta fase do projecto. 

A porta-voz do chefe do Executivo britânico informou ontem (23-02-2007) que as conversações entre Londres e Washington foram uma boa ideia. "Pensamos que [as negociações] é um passo importante para providenciar à Europa uma cobertura antimíssil", disse à BBC. O Primeiro Secretário da Embaixada dos EUA em Londres, David Johnson, confirmou as conversações mas, para já, o seu país não tem interesse em avançar com o sistema em território britânico.

E por que não Portugal? 

David Johnson, porém, admitiu a possibilidade de discutir este assunto com outros países. 

Ora, não será esta uma oportunidade para Portugal voltar à ribalta da política internacional? Talvez... 

Tudo depende das correntes ideológicas que, por estes dias, se movimentam com mais facilidade nas Necessidades. 

Mas, uma coisa parece ser certa... Daquilo que se conhece do primeiro-ministro José Sócrates, esta poderá ser uma oportunidade que ele não queira perder para brilhar na arena internacional.

Aliás, se Sócrates olhar para o passado só tem motivos para avançar no compromisso com os Estados Unidos. Se não, repare-se: Bastou José Manuel Durão Barroso aparecer na "fotografia" dos Açores para ter uma "passagem" directa para Bruxelas (uma visão simplista, é certo).

Agora imagine-se a recompensa, caso Sócrates decidisse integrar Portugal no sistema antimíssil dos Estados Unidos. Além de que evitaria problemas a Blair e voltaria a colocar Portugal entre os "crescidos". Alexandre Guerra  

Um texto que vale a pena ler...

Alexandre Guerra, 23.02.07

João Pereira Bastos, antigo embaixador e professor na Universidade Católica do Rio de Janeiro, é um dos mais perspicazes observadores da política internacional que actualmente escrevem na imprensa portuguesa.


Com artigos densos (no bom sentido) e rigorosamente sustentados, João Pereira Bastos analisa, muitas das vezes, os assuntos do sistema internacional através da lente do realismo e, até mesmo, do maquiavelismo, permitindo ao leitor ter uma perspectiva mais pragmática e, talvez, mais objectiva daquilo que está em causa.


O artigo que hoje publica no Semanário, jornal para o qual colabora regularmente, é um excelente exemplo desse exercício intelectual. Em "Há guerras que evitam outras maiores e há também contradições que preservam a paz" o autor enquadra os "episódios" de crise num contexto sistémico global. Mas, para consegui-lo, Pereira Bastos "desmonta" a teia de informação que muitas das vezes se cria à volta desses mesmos episódios.


A sua ideia central é de que "analisadas numa perspectiva global, essas lutas [guerras, conflitos, crises, etc] têm vindo, de algum modo, a contribuir para evitar, ou pelo menos, para adiar, o envolvimento das grandes potências em confrontações bélicas". Um texto que vale a pena ler.

Cheney preocupado com "acções" militares da China

Alexandre Guerra, 23.02.07

 

Dick Cheney raramente fala, mas quando se pronuncia sobre qualquer assunto o eco é bem audível. Em visita à Austrália, o vice-Presidente dos Estados Unidos enviou um "recado" à China, fazendo saber que o investimento massivo que este país está a fazer na área da Defesa é um motivo de "preocupação" para Washington.

Embora tenha elogiado o papel que Pequim desempenhou no processo negocial com a Coreia do Norte, que resultou no acordo de 13 de Fevereiro, não deixou de sublinhar que "as outras acções [militares] levadas a cabo pelo Governo chinês enviam outra mensagem".

As palavras de Cheney têm particular importância uma vez que reflectem, quase sempre, a posição da Casa Branca.  

Cheney, que falava durante uma conferência da organização Australian-American Leadership Dialogue em Sydney, sustentou as suas declarações com o ensaio militar que a China efectuou no passado mês de Janeiro, no qual procedeu à destruição de um seu satélie inactivo em órbita com um míssil balístico, num gesto claramente desafiador à mais recente doutrina da administração norte-americana quanto ao uso de armas no Espaço.

Washington, que em 2002 recusou um acordo com Moscovo para a interdição de armas no Espaço, pretende ter uma abordagem unilateral relativamente a esta questão. Confiando nas suas capacidades técnicas ao nível militar e espacial (para já ainda sem concorrência digna desse nome), a administração liderada pelo Presidente George W. Bush visa o controlo total da utilização do Espaço com fins militares.

Bush chegou mesmo a emitir um decreto, em Agosto no ano passado, no qual se lê o seguinte: "Os Estados Unidos opor-se-ão ao desenvolvimento de novos regimes legais ou outras restricções que procurem proibir ou limitar o uso norte-americano do Espaço." AG

Leituras

Alexandre Guerra, 22.02.07

Enquanto a AIEA se prepara para apresentar um relatório muito crítico relativamente às actividades nucleares do Irão, o embaixador deste país em Londres apresentou uma série de argumentos num artigo de opinião no Guardian, de modo a contrapor as ideias veiculadas pela "agenda neoconservadora" de Washington.


A novidade em Iran is a force for peace prende-se com o enquadramento histórico feito por Rasoul Movahedian, através do qual salienta o papel conciliador e diplomático que o Irão desempenhou na região do Golfo ao longo dos tempos. 


No que concerne à suposta influência iraniana no Iraque, Movahedian considera ser uma situação normal, atendendo ao facto do seu país ter sido vítima da brutalidade de Saddam Hussein num passado recente.

As ideias de Pinto Monteiro

Alexandre Guerra, 22.02.07

Quatro meses após ter tomado posse como Procurador-Geral da República Portuguesa, Fernando Pinto Monteiro deu duas entrevistas (ontem à RTP e hoje ao Público), num registo calmo e prudente, evitando precitpitar-se em declaraçõe comprometedoras.


A excepção terá acontecido num momento da conversa que teve com Judite de Sousa, no qual o PGR assumiu perante a sua interlocutora e os telespectadores que a investigação ao processo "Apito Dourado" deverá estar concluída, em princípio, até Junho, independentemente de resultar no arquivamento ou na acusação.   


Com esta posição, Pinto Monteiro demonstra ter confiança no trabalho desenvolvido pela procuradora-adjunta, Maria José Morgado, responsável pelas investigações daquele processo.


Quanto aos acontecimentos na Câmara Municipal de Lisboa, Pinto Monteiro anunciou a abertura de um processo de sindicância para "normalizar" a autarquia.  


Mais interessante, é a entrevisa publicada no Público, na qual se fica a conhecer melhor a abordagem que Pinto Monteiro faz ao cargo de PGR. "É um lugar que comporta uma certa solidão", diz. No entanto, o Procurador parece estar disposto a pagar esse preço, para "contribuir para uma melhor justiça do povo português".


Pinto Monteiro está igualmente empenhado em marcar o seu estilo de liderança, embora rejeite o papel de "comandante" ou "senhor feudal". Agilizar e dinamizar o Ministério Público são objectivos propostos.


Desmentiu a extinção do Departamento de Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), algo, aliás, que "nunca lhe passou pela cabeça", e mostrou-se veementemente "contra as escutas [telefónica] indiscriminadas".  


Relativamente ao processo "Furacão", Pinto Monteiro quis fazer passar a imagem de ser uma pessoa informada e próxima das investigações.


Por último, o PGR compreende que a Justiça terá de aprender a conviver com os órgãos de comunicação social, tendo, por isso, defendido a importância de os tribunais terem assessores de imprensa "capazes de facultar informação aos jornalistas de forma acessível". AG   

Thatcher: a homenagem à "Dama de Ferro"

Alexandre Guerra, 21.02.07

 

"Preferia o ferro, mas o bronze serve perfeitamente." Foi desta forma descontraída que a ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, se referiu à estátua em sua homenagem colocada num dos corredores da Câmara dos Comuns. 

Aos 81 anos, aquela que ficou conhecida como a "Dama de Ferro" (em grande parte pela forma determinada com que levou a cabo as reformas sociais e económicas, que geraram forte contestação social, mas que permitiram igualmente à Inglaterra sair da enorme crise em que se encontrava), mostrou-se honrada com a distinção.  

Para Michael Martin, líder da Câmara dos Comuns, tratou-se de um tributo merecido à primeira mulher que chefiou um Governo no Reino Unido (1979 e 1990).

Apesar de nos últimos anos ter aparecido por raras vezes em público devido a razões de saúde, Thatcher mostrou-se bem disposta e chegou a afirmar que desta vez esperava que a sua "cabeça" ficasse no sítio, referindo-se ao episódio de 2002, em que uma estátua sua, na altura exposta no Guildhall Art Gallery à espera de ser transferida para a Câmara dos Comuns, foi decapitada por um activista crítico.

Tendo Winston Churchill como a grande referência política, a "baronesa" Thatcher continua a gerar sentimentos contraditórios. Há quem a coloque na galeria restrita dos mais notáveis governantes do século XX, enquanto que outros continuam a denunciar o seu estilo de governação. 

Imobiliário: mais um factor desestabilizador entre a Geórgia e a Rússia?

Alexandre Guerra, 21.02.07

 

O mercado imobiliário na Abkhazia, república que goza de uma independência "de facto" mas não "de jure" relativamente à Geórgia (país onde está incrustada), parece estar em alta. Aquele que foi o destino de eleição dos russos nos tempos soviéticos, volta agora a estar na sua mira, que vêem no território oportunidades de realizarem bons negócios. 

Com um excelente clima, paisagens deslumbrantes e banhada pelo Mar Negro, a Abkhazia oferece o que mais nenhuma região ou país nas costas daquele mar proporciona: preços baixos e bons imóveis. Ouvido pelo The Moscow Times, Sergei Mikheyev do Centro para as Políticas Tecnológicas refere que os russos estão novamente em condições para começarem a investir em força. 

Face a preços tão atractivos, motivados sobretudo pela conturbada conjuntura política que se abate sobre a Abkhazia e pela sua remota localização geográfica, os russos têm correspondido aos anúncios de particulares e de imobiliárias abkhazes publicados nos jornais da Rússia. 

Muitas das casas que estão à venda pertenceram a cidadãos georgianos que fugiram daquele território durante o período de conflito espoletado com a implosão da URSS em 1991 e que terminou em 1993, provocando 10 mil mortos. As autoridades da Abkhazia nacionalizaram os imóveis e, desde então, tem sido possível comprar casas a baixo custo. No entanto, só a partir de 2002 é que o mercado turístico e de arrendamento ganhou um maior fôlego, visto que as autoridades russas reabriram a sua fronteira com aquela república. 

Agora, com o poder de compra dos russos mais fortalecido o negócio parece estar em franco crescimento. Esta é, porém, uma situação que não agrada ao Governo de Tbilisi, que já fez saber que se prepara para processar todos os novos proprietários, tendo mesmo ameaçado levar o caso ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Dadas as já conflituosas relações entre a Geórgia e a república da Abkhazia, quem sabe não esteja aqui mais um potencial factor desestabilizador naquela região. Sobretudo entre Tbilisi e Moscovo, uma vez que o Kremlin tem promovido ao longo dos últimos anos uma política de influência sobre a Abkhazia. Relembre-se que este território é aos olhos do direito internacional parte integrante do Estado da Geórgia, apesar da maioria dos abkhazes rejeitar esse princípio e optar pela nacionalidade russa.   

Entretanto, quem quiser investir na Abkhazia o melhor é fazê-lo já, porque os preços estão a galopar de ano para ano. AG