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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Push the Button

Alexandre Guerra, 28.02.07

 

Responsáveis israelitas citados pelo Jerusalem Post revelaram não estar preocupados pelo facto dos Estados Unidos terem aceite reunir-se com representantes sírios e iranianos para discutir o problema de estabilização do Iraque.

De acordo com aquelas fontes, o Governo israelita "não se sente ameaçado" pela iniciativa de Washington e de uma eventual aproximação ao regime de Teerão, até porque a Casa Branca já fez saber que continuará firme no que concerne ao programa nuclear iraniano.

Mas será que a população israelita está tão tranquila como os seus governantes? A julgar pela última votação no concurso nacional para apurar a música que representará o Estado judaico no festival da Eurovisão, dir-se-ia que os israelitas estão profundamente preocupados com o seu vizinho Irão.

A música Push the Button, do grupo Teapacks, foi a grande vencedora, contando com uma votação telefónica massiva por parte do público. Até aqui nada de novo, não fosse o facto da música se referir a um cenário de aniquilação nuclear de Israel, na sequência das ameaças do Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e do seu alegado programa de armas de destruição maciça.

Foi o próprio vocalista que disse aos jornalistas qua a ideia era fazer uma música controversa e que sensibilizasse os líderes políticos. Esta é cantada em inglês, francês e hebreu e é uma mistura de vários estilos, desde o rap ao hard-rock. O concurso da Eurovisão realizar-se-á no próximo mês de Maio na Finlândia. AG

Com critérios editoriais destes, não se admirem...

Alexandre Guerra, 28.02.07

A China espoletou ontem um "crash" bolsista, registando a pior queda numa década (9 por cento). Horas depois, todos os principais índices bolsistas mundiais foram arrastados, começando pela Ásia, passando pela Europa e chegando aos Estados Unidos. Uma "terça-feira negra" para os accionistas e para as empresas cotadas em bolsa.


Hoje, todos os jornais e sites de informação internacionais destacam o que se passa nas principais praças financeiras. Mas, a julgar pelos espaços informativos televisivos das 13 horas desta quarta-feira e pelas manchetes dos dois jornais ditos de "referência" de Portugal, parece que nada de significativo aconteceu ontem.


Que as televisões se ausentem destas matérias, é já uma triste realidade que a poucos surpreende, mas Público e Diário de Notícias não considerarem o assunto suficientemente importante para o chamar à primeira página é revelador da mediocridade que reina nas chefias. 


Depois, há ainda quem se admire que os jornais de referência estão em crise. Com desatenções e critérios editoriais deste tipo, não há publicação que aguente.


Hoje, as perdas continuavam nas praças financeiras... Talvez amanhã já-se descortine uma "chamadinha" de primeira página no Público ou no DN. AG 

O testemunho do director da "intelligence" americana

Alexandre Guerra, 28.02.07

 

                                                  Doug Mills/The New York Times

Depois de ter tomado posse no mês passado, o novo director nacional dos serviços de informação (DNI) dos Estados Unidos foi ontem pela primeira vez à comissão dos Assuntos Militares do Senado para prestar informações relativamente a alguns assuntos que dominam a agenda da política externa da administração republicana.

John M. McConnell foi peremptório ao afirmar que os líderes da Al Qaeda se estão a reorganizar dentro do Paquistão, consubstanciando, deste modo, as críticas que se têm feito ouvir em Washington contra a falta de colaboração e empenho do regime de Islamabad. "É uma situação com a qual estamos muito preocupados", revelou o DNI.

Segundo o testemunho de McConnell, são os próprios Osama bin Laden e Ayman al Zawahri que estão a supervisionar a construção de campos de treino nas áreas tribais do Paquistão, à semelhança daqueles que existiam no Afeganistão. Além de que os novos voluntários são "indivíduos muito empenhados".  

Por isso, o homem forte da "intelligence" americana exortou o Presidente Pervez Musharraf a "fazer mais", porque neste momento a região fronteiriça é "um paraíso para a liderança da Al Qaeda". McConnell foi peremptório ao referir que um eventual ataque que seja preparado contra os Estados Unidos será feito naquela zona.  

McConnell foi, até ao momento, o responsável norte-americano mais destacado a assumir claramente o ressurgimento da Al Qaeda no Paquitão e adoptar uma posição frontalmente crítica relativamente ao regime paquistanês.    

Entretanto, referindo-se ao problema iraniano, McConnell confirmou que o regime de Teerão poderá empenhar-se na construção de uma bomba nuclear, mas que nunca a conseguirá antes de 2015.

Quanto à situação no Iraque, o DNI mostrou-se bastante céptico, revelando existir um "problema de confiança" no seio dos xiitas, por recearem que os sunitas voltem a dominar o país. Por outro lado, os sunitas não querem "admitir que já não estão a mandar". Para concluir o seu pensamento, McConnell proferiu uma frase que, pode ser eventualmente aproveitada pelos críticos de Bush: "Penso que os líderes políticos iraquianos têm missões quase impossíveis." AG

Leituras

Alexandre Guerra, 27.02.07

A Special Place in Hell é uma das rúbricas (em formato de blog) mais interessantes e originais que nos últimos tempos têm surgido nos jornais. Tratam-se de simples textos de opinião publicados no Haaretz, mas escritos com uma inteligência e sentido de oportunidade ímpares, onde o autor se inspira na complexa conjuntura israelo-palestiniana, imprimindo, por vezes, um tom irónico e cómico.  


Bradley Burston, já anteriormente referido no Diplomata, decidiu escrever duas prosas nos últimos dias a propósito da relação entre a Esquerda e Israel. No primeiro artigo, o título é sugestivo: Ten reasons the left hate Israel - five good, five bad. Aqui, é exposta a ambiguidade de algumas críticas vindas de sectores da esquerda contra Israel (de Portugal ouvem-se igualmente vozes nesse tom), assim como a validade de outras.


Burston, de forma simples e intelectualmente honesta, coloca-se perigosamente no meio o que, atendendo à situação, é o mesmo que dizer que se está a arriscar a "levar pancada" de âmbos os lados da barricada. 


Relativamente ao segundo artigo, publicado ontem, Burston inverte os papéis: Why Israelis hate the left, or, How to Speak Leftist. Neste, adopta um registo criativo sem descurar nas críticas mordazes à forma como o Ocidente lida com o problema israelo-palestiniano.

Os seis critérios de Severiano Teixeira

Alexandre Guerra, 27.02.07

 

Soldados portugueses em patrulha no Afeganistão

"Ponderação entre a defesa da soberania e os deveres das alianças permanece depois do 11 de Setembro." Com este princípio, Severiano Teixeira define uma das linhas orientadoras da sua actuação como titular da pasta da Defesa. Num artigo publicado hoje no Público, intitulado de "Portugal e as novas missões de paz", é sublinhada e importância crescente da intervenção das forças portuguesas em missões de paz.

Para Severiano Teixeira esta é a resposta adequada aos desafios que se impõem no actual sistema internacional a um país que tem vários compromissos perante os seus aliados. De facto, esta é uma posição responsável e, efectivamente, tida igualmente em conta nos últimos anos pelos antecessores de Severiano Teixeira.

Assim, são referidos (e bem) os exemplos da Bósnia-Herzegovina, do Kosovo, do Afeganistão do Congo e do Líbano. É também justamente salientado o desempenho positivo das tropas nacionais naquelas missões.

Perante o dever de intervenção no âmbito dos compromissos políticos e a defesa dos interesses nacionais, Severiano Teixeira define seis "critérios" que mais não são do que os "parâmetros que orientam as decisões do Governo sobre a participação portuguesa nas missões de paz".

A forma clara e sistematizada como Severiano Teixeira expôs a doutrina que rege a intervenção militar portuguesa em cenários externos é um contributo positivo para a comunicação política entre Executivo e opinião pública, e que poderia ser seguido por outros ministros de forma a compreender-se melhor quais os princípios ou critérios que conduzem a determinadas decisões.                            Alexandre Guerra 

Leituras

Alexandre Guerra, 27.02.07

Recentemente, uma comissão especializada da Câmara dos Representantes criticou a opção da administração norte-americana de enviar 360 toneladas em dinheiro para o Iraque, após a queda de Saddam Hussein. Leu-se também na imprensa várias notícias relacionadas com o desvio e sub-aproveitamente dos milhares de dólares que chegaram a Bagdad.


Perante estas acusações, John B. Taylor, antigo sub-secretário de Tesouro entre 2001 e 2005, escreve hoje no New York Times um exaustivo artigo relatando todo o processo de transferência de fundos entre os cofres americanos e os iranianos. Billions over Baghdad dá certamente uma perspectiva governamental, mas nem por isso deixa de fornecer informações importantes.

Leituras

Alexandre Guerra, 27.02.07

O Presidente Mahmoud Ahmadinejad reiterou no domingo que o Irão não cederá no seu programa nuclear. Entretanto, o Conselho de Segurança prepara uma nova resolução por modo a contrariar o processo de enriquecimento de urânio.


Perante tudo isto, será interessante ler o relatório redigido por Mohamed El Baradei, director da AIEA, que foi divulgado na semana passada. Aquele documento enumera todos os pormenores das actividades dos inspectores da ONU e das autoridades iranianas desde 14 de Novembro até 2006, altura em que foi entregue o último relatório de El Baradei. 

Imprensa internacional aguarda pela "revelação" de James Cameron

Alexandre Guerra, 26.02.07

 


A Time avançou com a notícia na sexta-feira, mas apenas a Sky News fez ontem uma tímida referência. O Diplomata fez igualmente eco ao novo documentário de James Cameron. De resto, não foi possível encontrar qualquer outra menção.  


 


Hoje, a imprensa internacional "acordou" e destaca a "descoberta" de Cameron. Desde o The Globe And Mail à BBC On Line, passando pelo New York Times, todos aguardam com expectativa a conferência de imprensa daquele realizador, agendada para as próximas horas em Nova Iorque, onde supostamente vai revelar o caixão de Jesus Cristo, de Maria (sua mãe) e Maria Madalena.


 

O triunfo de Al Gore e o regresso de Seinfeld

Alexandre Guerra, 26.02.07

Numa noite de "não surpresas", como a imprensa internacional já qualificou a cerimónia de ontem no Kodak Theatre, o Diplomata destaca dois momentos que terão feito a diferença.   


 Al Gore, antigo vice-Presidente dos Estados Unidos, foi a grande estrela da 79º edição dos Óscares (que desculpem Martin Scorsese e Ennio Morricone). Divertiu, ganhou e brilhou. Seria interessante que fossem divulgadas sondagens por estes dias sobre as intenções de voto dos americanos face a uma eventual candidatura de Gore às presidenciais de 2008 pelo Partido Democrata. Teve ainda o mérito de, pela primeira vez na história deste acontecimento, anunciar a realização de uns Óscares "verdes".


 Convidado a apresentar o Óscar para melhor documentário (que foi atribuído ao "Uma Verdade Inconveniente" de Al Gore), a participação de Jerry Seinfeld revelou-se um dos momentos mais interessantes das quase quatro horas de emissão, tendo contribuído efectivamente para elevar a qualidade humorística de uma cerimónia que foi modestamente conduzida por Ellen DeGeneres, que esteve longe do brilhantismo que se exige para uma das noites mais mágicas da televisão. O "regresso" de Seinfeld é destacado pela positiva e de forma unânime pela imprensa mundial, que o referencia como um dos próximos apresentadores daquela cerimónia. AG 


PS: O Diplomata sugere o visionamento de Infernal Affairs (Hong Kong, 2002, e disponível em DVD no mercado nacional), o filme original no qual Scorsese se baseou para realizar o The Departed. Embora o realizador de filmes como Taxi Driver, Toiro Enraivecido ou Tudo Bons Rapazes, há muito que deveria ter em sua casa a estatueta dourada, a verdade é que, e justiça seja feita aos artistas envolvidos no projecto Infernal Affairs, esta produção asiática é inquestionavelmente de qualidade muito superior à película apresentada agora por Scorsese. 

Leituras

Alexandre Guerra, 25.02.07

Sendo a saúde um tema tão comentado e falado em Portugal sob diversos ângulos, e em muitos dos casos ouvindo-se críticas ferozes, nomeadamente sobre o funcionamento dos hospitais, o Diplomata sugere a leitura de um excelente texto de investigação publicado pelo Washington Times com oportunos apontamentos de reportagem.


Em Hospitals' hidden danger fica-se a conhecer uma perigosa ameaça que paira sobre os pacientes dos hospitais americanos: infecções altamente contagiosas e resistentes. De acordo com o Center for Disease Control and Prevention (CDC), um em cada 20 pacientes é afectado anualmente por este perigo, ou seja, 20 milhões de pessoas por ano.

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