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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A morte da Haider poderá contribuir para a reunificação da extrema-direita austríaca

Alexandre Guerra, 12.10.08

Haider

Leonhard Foeger/Reuters



Joerg Haider, o popular líder da extrema-direita austríaca, morreu ontem com 58 anos, depois do Volkswagen Phaeton V6 que conduzia se ter despistado e capotado por diversas vezes numa zona no sul da cidade de Klagenfurt, capital da região federal da Caríntia, da qual ele era governador. Segundo as notícias que foram veiculadas, Haider iria a 142 quilómetros por hora numa zona de limite máximo de 70.



Por sua culpa, ou não, trata-se de mais um trágico acidente nas estradas, e que desta vez ceifou a vida a um dos mais polémicos políticos da Europa nos últimos anos. Tão polémico que, inclusive, levou a União Europeia pela primeira a vez a impor um boicote político a um país, depois de Haider se ter juntado em 2000 ao Partido Popular (OeVP) de Wolfgang Schuessel na coligação governamental.



Era a primeira vez que a UE se via a braços com um Executivo do qual fazia parte um partido, neste caso o Partido da Liberdade (FPOe), cujo seu líder tinha um tom claramente xenófobo, sustentado por políticas de anti-imigração e tendências ideológicas que, muitas vezes, o colocavam próximo do nazismo. Após inúmeras pressões, a coligação acabou por se desfazer levando a eleições antecipadas, em 2002.



Actualmente, Haider era o líder da Aliança para o Futuro da Áustria (BZOe) um partido criado em 2005 pelo próprio depois de ter abandonado o FPOe, o qual liderou entre 1998 e 2000.



A morte de Haider surge numa altura em que o BZOe acabara de obter excelentes resultados nas legislativas de há um mês, com 11 por cento dos votos, estando neste momento a discutir-se a possibilidade da inclusão da extrema-direita no Governo austríaco. Relembre-se que o FPOe e a BZOe conseguiram nas últimas eleições quase 30 por cento dos votos, tendo os social democratas do SPOe, o partido mais votado, ficado-se pelos 29 por cento.



Com o desaparecimento de Haider já se ouvem vozes da extrema-direita a apelar à união do BZOe e do FPOe. Algo que de certa forma faz algum sentido, tendo em conta que o BZOe era uma criação do próprio Haider, vivendo à custa da sua imagem e carisma.



Ouvido pelo The Times, o professor Peter Filzmaier, um comentador político austríaco, refere precisamente que a "partida prematura de Haider poderá potenciar uma maior colaboração entre os dois partidos [FPOe e BZOe]", porque "as diferenças entre ambos nunca foram de natureza ideológica, mas de natureza pessoal". Alexandre Guerra