A história da candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU (3)
Depois do primeiro e do segundo textos, o Diplomata publica o terceiro e último contributo para uma melhor compreensão da história da candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança da ONU:
"Pensar a cena internacional em 2008 em comparação com o status-quo vigente em 1996 e as especificidades das candidaturas portuguesas ao Conselho de Segurança, é um exercício que exige uma compreensão hermenêutica e holística que está para além do desafio a que aqui me proponho.
Sem prejuízo de outras análises e considerações, poderemos afirmar que em meados dos anos noventa, Portugal vive a sua derradeira fase de afirmação e projecção na cena internacional. Assumíamos agora um protagonismo que corta com preconceitos que remontam do período ditatorial. Nesse sentido, em muito contribuiu o papel relevante de Portugal em todo o processo da independência de Timor-Leste, as forças portuguesas na Bósnia-Herzegovina (e depois dessas, as forças em mais de vinte missões lideradas pelas Nações Unidas e Aliança Atlântica nos Balcãs, Líbano, Kosovo, Afeganistão ou República Centro Africana), o papel de Portugal nas missões de paz em território angolano e na consolidação da democracia em Moçambique, ou, num outro registo, a presidência do Professor Freitas do Amaral na 50 Assembleia Geral das Nações Unidas
Hoje, doze anos depois, com um historial de mais de vinte mil militares mobilizados em cenários de alto risco em missões de paz, com uma Presidência da União Europeia repleta de sucessos, com figuras de renome nos mais altos cargos de Instituições Internacionais, Portugal tem o seu nome projectado em Nova Iorque, Genebra ou Viena. Hoje, queremos ser vistos como um país de vocação universalista, um país que defende o primado dos Direitos Humanos num mundo globalizado e interdependente. Hoje, acreditamos que apenas o multilateralismo efectivo baseado no primado de uma Organização das Nações Unidas coesa, transparente e eficiente poder ser capaz de lidar com os actuais desafios que vivemos e as adversidades com que nos deparamos.
Segundo fontes da Presidência da República, a candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2011-2012 desfruta de 'mais de uma centena de declarações escritas e orais, assim como várias declarações de intenção de vários países, no sentido de apoiarem a pretensão portuguesa'. A dois anos da eleição, a ter lugar no Outono de 2010, estes dados constituem desde já um motivo de júbilo e um óptimo sinal para que o excelente trabalho desenvolvido pela nossa política externa prossiga na senda do sucesso - na candidatura e na responsabilidade que dali advém." L.E