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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A herança dos "regimes" russos nos Bálticos

Alexandre Guerra, 27.10.08




Mercado de Riga, o maior da Europa



Embora a influência russa nos Estados bálticos seja algo evidente, resultado de um processo que se iniciou no século XVIII com a expansão de Pedro, o Grande, e acentuado nas décadas após a II Guerra Mundial, é já uma missão quase impossível encontrar qualquer tipo de simbologia associada ao regime comunista.



Nestes quase 20 anos de independência foram "apagados" praticamente todos os vestígios simbólicos que pudessem relembrar os tempos do domínio soviético. Estátuas ou bustos apenas se encontram num ou noutro museu e só com bastante atenção e minúcia se vêem (poucos) edifícios com relevos ou adereços metálicos do comunismo.    



A realidade é bastante diferente no que toca a algumas infraestruturas, começando pelos edifícios construídos sob orientação comunista. Neste caso, são obviamente muitos os exemplos que podem ser encontrados em cidades como Talin ou Riga. 





Um dos edifícios do Palácio de Kadriorga, Talin



Ainda no campo da arquitectura, a presença russa também pode ser constatada através do império de Pedro, o Grande, onde a sua obra mais emblemática é o Palácio de Kadriorga, nos arredores de Talin, mais uma das residências de Verão daquele monarca. Hoje, serve de abrigo ao palácio presidencial.



Ao nível dos transportes públicos, comboios e eléctricos têm certamente mais de 20 anos, embora totalmente recuperados no seu interior de modo a satisfazer as necessidades dos utilizadores actuais.



Apenas a título de curiosidade, numa das estações de comboio nos arredores de Riga encontra-se estacionada nos carris uma carruagem de madeira idêntica a tantas outras que durante os anos da II GM serviram de transporte às centenas de pessoas que os russos deportaram para a Sibéria.



  

Comboio na estação central de Riga

 

É em termos demográficos que se faz mais sentir a influência russa, um processo resultante de uma política de expansionismo do império dos czares e mais tarde do regime bolchevique. O russo é assim uma segunda língua nas três repúblicas, que toda a gente compreende e muitos falam.



Porém, é nalguns comportamentos sociais e modelos de pensamento que ainda se nota uma presença forte das orientações proclamadas pelo regime de Moscovo durante a Guerra Fria. Foram décadas de formatação social e intelectual que continuam a deixar rasto.





Localidade de Jurmala, a poucos quilómetros de Riga



Também alguns hábitos e costumes dos antigos membros do "aparelho" permanecem. Por exemplo, a localidade de Jurmala, uma espécie de Riviera dos Bálticos que fica a poucos quilómetros de Riga, foi durante a Guerra Fria o local preferido dos membros do regime comunista para passarem férias. Segundo as crónicas, tal localidade é ainda procurada por uma certa elite russa, eventualmente, saudosa de outros tempos. Alexandre Guerra