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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Das ideias apresentadas pelos cidadãos à análise da Marina Costa Lobo

Alexandre Guerra, 28.03.09

 

Marina Costa Lobo analisa as 25 ideias apresentadas pelos cidadãos
 
A primeira manhã de trabalhos do CCE 2009 foi marcada por um debate em tom animado e acalorado, protagonizado, não por especialistas, mas sim, por cidadãos, que estiveram empenhados em produzir ideias para responder aos desafios futuros da União Europeia. Porque, na essência, a construção europeia é feita pelos e para os cidadãos.  
 
A dinâmica que se verificou ao longo da manhã produziu 25 ideias, sintetizadas pelos próprios cidadãos, para que durante esta tarde pudessem ser escalpelizadas e comentadas pela investigadora Marina Costa Lobo, mas com intervenções pontuais de Bruno Reis, coordenador do CCE 2009 em Portugal.
 
A investigadora do Instituto de Ciências Sociais teve como principal objectivo explorar as virtudes e fragilidades das 25 ideias apresentadas, ao mesmo tempo que foi respondendo aos reptos e, por vezes, provocações (no bom sentido) lançadas pelos cidadãos.
 
Um das primeiras ideias a ser comentada foi a criação de uma agência reguladora europeia para que possa promover uma fiscalização e governação mais eficaz e transparente de instituições financeiras.
 
No entanto, Marina Costa Lobo levanta uma questão pertinente ao abordar a "relação entre as agências reguladoras e o poder político”, já que cabe a este último a escolha das primeiras. Por isso, a investigadora lembra que talvez o mais importante é tentar perceber “quem fiscaliza os fiscalizadores?”. Ou seja, talvez a questão principal, diz Marina Costa Lobo, é saber de quem é que as agências reguladoras vão depender.
 
Pouca celeuma gerou a ideia que propõe uma maior intervenção da União Europeia no mundo, o que conduziu imediatamente para a questão política e de segurança. Marina Costa Lobo não hesitou em referir que esta tem sido uma das áreas onde menos passos se têm dado a nível europeu. Da parte dos cidadãos não houve réplica.
     
O mesmo já não aconteceu quando se falou de integração. E daqui partiu-se para a problemática da identidade, um dos temas mais “polémicos” desta tarde. “Mas qual identidade”, sublinha Marina Costa Lobo. “Quem somos nós e quem são os outros?” Para a investigadora, esta não é uma questão fácil de resolver.
 
Uma opinião que não foi partilhada por um cidadão, que de imediato identificou conceitos como “valores, língua, cultura”, como elementos que distinguem os povos. Mas de imediato a perita em assuntos europeus identificou uma fragilidade naquele modelo de análise, porque esses mesmos conceitos podem conter contradições entre uma abordagem nacional e uma perspectiva comunitária.
 
Apesar disto, Marina Costa Lobo refere que existem temas associados a uma certa noção de identidade europeia. Por exemplo, relativa igualdade das mulheres e dos homens “é algo que distingue a Europa” da maior parte das regiões do mundo.
 
Outra das virtudes da construção europeia, identificada por Marina Costa Logo, é a política de educação. “Estão a ser dados passos importantes”, diz a investigadora, ao que um dos cidadãos respondeu com o Processo de Bolonha: “Ao estar-se inserido em Bolonha está-se sempre a perder informação.”
 
Por outro lado, uma cidadã diz que “Bolonha é uma nova visão de ensino e serve para dar novas competências aos alunos, e tem a ver com o que o mercado de trabalho quer.”
 

Marina Costa Lobo reiterou as virtudes da UE em termos de educação e exemplificou com o Programa Erasmus, mas estendeu a outras áreas, como o ambiente “A UE é o grande motor da política ambiental em vários países na Europa, nomeadamente em Portugal.”