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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Os "tickets" de acesso à Casa Branca*

Alexandre Guerra, 30.10.08





                                

"Ao anunciar a governadora do Alaska, Sarah Palin, para candidata a “vice”, John McCain fez uma escolha interessante para completar o "ticket" republicano à Casa Branca nas eleições de 4 de Novembro.





Embora interessante, a opção de McCain é, de certa forma, algo surpreendente, tendo em conta a falta de notoriedade de Palin junto do grande eleitorado norte-americano. Além disso, analistas e comentadores davam como certo alguém mais conservador, tal como Mit Romney.




Mas, com apenas 44 anos, Palin acaba por ser um escolha que se compreende, sendo claro quais os objectivos da decisão de McCain: trazer mais "juventude" e dinamismo à sua campanha, precisamente o oposto daquilo que Barack Obama procurou para o seu "vice". Porém, McCain trouxe ainda um factor mais importante para a sua campanha: uma mulher.




Não é de estranhar que a BBC News em título referisse que McCain tinha escolhido uma mulher para sua "vice", sem referir o nome de Palin. Uma "executiva dura" que desde 2006 tem desenvolvido inúmeros esforços para combater o sistema corrupto que se instalara no Alaska. Ainda recentemente vetou uma "bill" que permitirá reduzir os gastos do estado do Alaska.




É com base neste currículo e personalidade que McCain disse que precisará de Palin para combater "velhos políticos" em Washington corrompidos pelos vícios do sistema.




Resta saber se a decisão de McCain será inteligente, porque como referia o Washington Post, trata-se de uma autêntica aposta cujo resultado é imprevisível. Neste campo, a escolha de Obama foi mais racional e segura. Porém, o risco poderá compensar e, quem sabe, não irá McCain agradecer a Palin a vitória nas eleições de 4 de Novembro, decidida com o eleitorado feminino que optar por "fugir" à candidatura democrata depois de Hillary Clinton ter sido afastada.




Por outro lado, o candidato democrata Barack Obama pretendeu dar um pouco mais de idade e de cabelos brancos à sua campanha. Era desta forma humorística que o New York Times caracterizava a escolha do senador Joseph Biden como candidato ao cargo de vice-Presidente dos Estados Unidos.




Efectivamente, Biden representa tudo aquilo que os mais críticos de Obama dizem que o candidato democrata não tem. O líder do comité dos Assuntos Internacionais do Senado é experiente, é respeitável e domina os assuntos internacionais. Mas, segundo algumas fontes junto do processo de decisão, Obama terá escolhido Biden também pelo facto do senador ter forte influência no eleitorado branco de classe média.




É verdade que nem sempre é ponderado nas suas afirmações, mas Biden revela-se uma escolha bastante acertada para o cargo. De acordo com David Axelrod, principal estratego da campanha democrata, tratou-se de uma decisão "pessoal" de Obama.




Uma coisa é certa, com este "ticket" a campanha de John McCain perde muitos dos argumentos com que tem atacado a candidatura democrata." AG


* Texto publicado na edição de Outubro da revista CAIS.