Pela terceira vez, o “não” ao referendo
Pela terceira vez na história desta jovem III República, os portugueses foram chamados às urnas para referendar um tema “fracturante”. E pela terceira vez, a maioria dos cidadãos prescindiu do seu direito de voto.
A maioria dos portugueses deverá querer dizer algo aos governantes, mas que ainda não foi fácil de descortinar. O Diplomata desconfia que, ao contrário da ideia tradicionalmente reinante, desta vez o alheamento massivo dos eleitores não reflecte um eventual descontentamento para com o Governo, mas antes um desejo e uma vontade inequívocas, por parte daqueles, de serem governados sem que lhes peçam a opinião.
Caberá, agora aos sociólogos em geral, politólogos em particular, estudar objectiva e rigorosamente os valores da abstenção e o seu impacto no exercício futuro da figura do referendo. Posteriormente, governantes e legisladores deverão reflectir sabiamente sobre as respectivas conclusões.
Miguel Sousa Tavares e Paulo Portas deixaram ontem à noite na TVI uma amostra daquilo que poderá vir a ser a discussão em torno desta problemática, assim como Luís Delgado, Mário Bettencourt Resende, Inês Serra Lopes e António José Teixeira, até porque se vislumbra no horizonte a possibilidade de dois novos referendos: o da constituição europeia e o da regionalização. Alexandre Guerra