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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Momento Austin Powers

Alexandre Guerra, 10.12.12

 

 

Numa das passagens do livro "Os Anos Blair", Alastair Campbell relembra o seguinte episódio ocorrido no dia 5 de Abril de 2002:

 

"Era o dia da procissão do corpo da rainha-mãe para a câmara ardente. Estava um belo dia soalheiro, com uma cobertura total da família real, multidões razoáveis, uma atmosfera agradável. Fui [Campbell] encontrar-me com Tony Blair no apartamento. Outro momento Austin Powers. Cuecas amarelas/verdes e nada mais. Disse-lhe que parecia ridículo. Ele respondeu que era só inveja -- quantos primeiros-ministros tinham um corpo daqueles?"


Campbell não se arrepende, mas fragiliza Blair e compromete Brown

Alexandre Guerra, 12.01.10

 

Alastair Campbell, esta Terça-feira, durante o inquérito sobre o Iraque/PA

 

Sem arrependimentos nem desculpas, foi desta forma que Alastair Campbell, antigo responsável pela estratégia de comunicação do ex-primeiro-ministro, Tony Blair, entre 1997 e 2003, se apresentou esta Terça-feira na comissão de inquérito britânica que investiga o papel do Governo inglês entre o período de 2001 e 2009 no que diz respeito ao Iraque.

 

Campbell foi o principal responsável pelo dossier que começou a circular em Setembro de 2002 e que referia que o Iraque possuía armas de destruição maciça e que tinha capacidade de responder em 45 minutos a qualquer ataque externo.

 

O antigo homem forte da comunicação de Blair veio hoje reiterar que mantém todas as palavras que incluiu no documento, admitindo, no entanto, que as "coisa poderiam ter sido feito de forma diferente aquando da invasão em Março de 2003".

 

Com esta posição, Campbell descarta-se de qualquer responsabilidade no processo que espoletou a invasão do Iraque, imputando eventuais erros a quem implementou a estratégia militar. 

 

Depois de Blair, que há umas semanas revelou numa entrevista à BBC, que  manteria a sua decisão de invadir o Iraque mesmo à luz das informações mais tarde reveladas quanto à inexistência de armas de destruição maciça, vem agora Campbell com um discurso alinhado no mesmo tom.

 

No entanto, o testemunho de Campbell, que durou mais de cinco horas, fragilizou, ainda mais, a argumentação de Blair sobre a invasão do Iraque. O ex-homem forte da comunição do Labour referiu que o primeiro-ministro britânico tinha prometido ao então Presidente George W. Bush que a Inglaterra estaria ao lado dos Estados Unidos em qualquer circunstância se Washington decidisse atacar o Iraque.

 

Talvez ainda mais problemático, sobretudo com eleições legislativas a poucos meses, tenha sido o facto de Campbell ter mencionado o nome de Gordon Brown, na altura responsável pelas pasta das Finanças, como uma das "figuras-chave" no dossier iraquiano. Segundo Campbell, Brown era um dos ministros mais consultados por Blair sobre a questão do Iraque.

 

Esta informação poderá vir a provocar alguns incómodos para Brown, sobretudo numa altura em que a campanha eleitoral começa a assumir contornos mais agressivos, com os conservadores liderados por David Cameron a não se coibirem de utilizarem todos os argumentos ao seu alcance para fragilizar a imagem do primeiro-ministro.