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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Recordar o 9/11

Alexandre Guerra, 11.09.18

 

Assinalam-se hoje 17 anos sobre os atentados terroristas a Nova Iorque e a Washington. É sem dúvida um dos momentos históricos mais trágicos de que tenho memória e, à excepção da queda do Muro de Berlim, é aquele que mais implicações sistémicas teve. Foi, por isso, para mim um privilégio, enquanto editor da secção de Internacional do SEMANÁRIO, ter deixado impresso o meu registo jornalístico, escrito ao longo dos dois dias que se seguiram aos atentados (uma Terça-feira), e que seria publicado na edição seguinte, na Sexta-feira (14). Depois do choque inicial, foi preciso afastar as emoções, perceber o que se estava a passar e perspectivar o que iria acontecer. Foram dias de muito trabalho e confusão, mas um desafio enorme para quem tinha as relações internacionais e o jornalismo como paixões.

 

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Recordar o 9/11

Alexandre Guerra, 11.09.16

 

Quinze anos depois, estive a reler aquilo que escrevi ao longo dos dois dias que se seguiram aos atentados do 11 de Setembro (uma Terça-feira) e que seria publicado na edição seguinte do SEMANÁRIO, na Sexta-feira (14). Enquanto editor da secção de Internacional daquele jornal, recordo-me perfeitamente que, na altura dos atentados, estava na redacção (naquele edifício cor-de-rosa no Dafundo cheio de história ligada ao jornalismo), o que me permitiu acompanhar todos os desenvolvimentos desde o início. Depois do choque inicial, foi preciso afastar as emoções, perceber o que estava a passar e perspectivar o que iria acontecer. Foram dias de muito trabalho e confusão, mas um privilégio, porque, foram momentos como aqueles que me fizeram desenvolver a paixão que sempre tive pelo jornalismo.   

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Primeira página do SEMANÁRIO de 14 de Setembro de 2001

 

Recordar o que foi escrito nas primeiras horas a seguir ao 11 de Setembro

Alexandre Guerra, 11.09.11

 

Naquelas horas da manhã de Terça-feira de 11 de Setembro de 2001, sentado numa das secretárias da redacção do jornal Semanário, com a CNN (ou a BBC?) ligada, era impossível não assistir em directo à queda da segunda torre do World Trade Center.

 

O autor destas linhas sabia que nas 48 horas seguintes, até Quinta-feira à noite (fecho do jornal), lhe caberia a missão de escrever os primeiros capítulos de uma história cujo desfecho ainda está por concretizar.

 

Assim, no dia 14 de Setembro, na primeira edição do Semanário a seguir aos atentados, saíram estes três artigos da sua autoria:

 

 

 

 

Talvez por ingenuidade ou precaução, o autor destas linhas recorda-se que, na hora de fecho do jornal, chegou a falar com director Rui Teixeira Santos sobre a possibilidade de se colocar um ponto de interrogação no "Guerra Inevitável", manchete da edição do Semanário de 14 de Setembro de 2001.

 

 

Post publicado originalmente no Forte Apache.

 

A fonte ideológica do erro iraquiano

Alexandre Guerra, 09.12.09

 

 

A operação militar no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein foi um erro estratégico de proporções gigantescas, cujas consequências vão perpetuar-se durante muitos e longos anos. E não foi um daqueles erros que apenas se confirma à posterior (porque esses são fáceis de apontar). 

 

Ontem de manhã, Bagdad acordou com cinco atentados bombistas no centro de cidade, matando sensivelmente 130 pessoas e ferindo cerca de 450.

 

DEADLIEST ATTACKS SINCE 2003
 
Aug 2007: More than 500 killed in attacks on villages near Sinjar
Nov 2006: 202 killed in multiple blasts in Baghdad
Apr 2007: 191 killed in car bombings in Baghdad
Mar 2004: 171 killed in bombings in Baghdad and Karbala
Oct 2009: 155 killed in twin truck bomb attacks in Baghdad
Mar 2007: 152 killed in truck bombing in Talafar

Source: News agencies, BBC

 

O "dossier" iraquiano foi gerido desde o início sob pressupostos muito duvidosos, e que desde logo suscitaram inúmeras resistências e críticas provenientes de diferentes sectores internos e externos, inclusive de Estados aliados de Washington.

 

Ignorando os vários alertas e informações veiculadas por entidades e especialistas credíveis, a administração americana, então liderada por George W. Bush, montou o seu próprio "caso" iraquiano, começando por incluir o país no tristemente célebro "eixo do mal". Para sustentar esta posição, foi criado o "enredo" das armas de destruição maciça, no qual Bagdad teria a capacidade de responder a um ataque externo em 45 minutos.

 

 

O cenário estava montado, contando ainda com a participação (forçada, diga-se) do secretário de Estado Colin Powell que, numa das actuações mais desastrosas feita nos  últimos anos nas Nações Unidas, tentou mostrar ao mundo laboratórios móveis, onde supostamente estariam a ser desenvolvidas armas de destruição maciça.    

 

Powell, como mais tarde veio a admitir, nunca foi um dos entusiastas da operação no Iraque, e a sua ida às Nações Undas terá sido certamente um dos momentos mais humilhantes da sua carreira. 

 

Mas, a verdade é que no interior do círculo restrito de Bush, Powell nunca conseguiu impor a sua visão realista do sistema internacional. Ao invés, impôs-se uma corrente ideologicamente mais vincada com o discurso do "connosco ou contra nós". 

 

Esta visão é uma herança da abordagem maniqueísta ao sistema internacional bipolar da Guerra Fria, não sendo por isso de estranhar que muitos dos "falcões" que estiveram com Bush já percorriam os corredores do poder nos anos 80 e 90.

 

No entanto, a sua influência não foi tão forte no início dos anos 90, quando Washington não quis derrubar Saddam, numa altura em que os soldados americanos expeliam os iraquianos do Kuwait e seguia ma passo acelerado para Bagdad.

 

 

Na altura, impôs-se a perspectiva realista ao não derrubar-se Saddam para evitar, por um lado, um vazio de poder na região e, por outro lado, uma potencial fragmentação do Iraque.

 

Os "falcões" foram internamente derrotados, mas mantiveram as suas convicções, continuando a ver Saddam unicamente através da lente ideológica, tal como olharam para Moscovo durante anos. Além disso, foram pessoas que continuaram muito próximas dos centros de decisão em Washington, ganhando particular espaço político na administração de George W. Bush.

 

 

A operação militar de 2003 e o "casus belli" que a sustentou é resultado dessa visão ideológica que foi persistindo em Washington ao longo dos anos. 

 

Sob o trauma dos atentados do 11 de Setembro e com a ameaça terrorista a pairar, Bush acabou por ceder à visão ideológica dessa corrente, asfixiando o campo realista personificado em pessoas como Powell ou Condoleezza Rice.

 

Hoje, mais de seis anos após a invasão americana àquele país, o erro é uma evidência histórica e já foi escalpelizado vezes sem conta, inclusive, embaraçando líderes como Bush ou o antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair.